Jogamos

Análise: Call of Duty: Black Ops II (PS3)

Como fazer o seu jogo vender como água? Passo 1: Estampe o nome Call of Duty na capa. Não há passo 2. Mas como conquistar uma legião de fã... (por Thomas Schulze em 26/11/2012, via PlayStation Blast)

Como fazer o seu jogo vender como água? Passo 1: Estampe o nome Call of Duty na capa. Não há passo 2. Mas como conquistar uma legião de fãs e ser considerado um dos melhores jogos de tiro em primeira pessoa já feitos? Aí a receita é mais complexa. É preciso inovar, ter uma campanha memorável, jogabilidade bem calibrada e multiplayer viciante, entre tantas outras coisas. E não é que Call of Duty: Black Ops II conseguiu tudo isso? Então leia nossa análise e descubra o que torna o jogo um dos melhores do ano.

Missão: Inovação

Sei que esta é uma declaração um tanto polêmica, mas quando você avalia as grandes franquias modernas dos videogames, elas não parecem um tanto preguiçosas ultimamente? Pense nos grandes jogos AAA, os blockbusters. Assassin's Creed II, Brotherhood e Revelations são todos muito parecidos. God of War faz a mesmíssima coisa desde o primeiro jogo da série, lá no PlayStation 2. Mario parece ter estagnado e agora se contenta em lançar dez New Super Mario Bros. ao ano sem inovar em nada. Então é sempre justo elogiar as desenvolvedoras que têm a coragem de ousar em cima de uma fórmula já consolidada, e que provavelmente venderia como água independente da qualidade dos jogos lançados. Então antes de mais nada, vamos tirar um minuto para congratular a Treyarch e a pela ousadia de tentar algo realmente diferente em Black Ops II.
Acima, imagem conceitual de New Super Mario Bros. 8 para o 3DS.

Mas como de boas intenções o inferno está cheio, não adiantaria nada inovar numa fórmula consolidada se o jogo fosse péssimo e esta análise estivesse aqui para massacrar o título, então é com muita alegria que informo a você, amigo leitor, que este é um jogo digno do seu investimento. Black Ops II não é apenas o melhor Call of Duty já feito, mas também um dos melhores jogos da geração, e um dos FPS mais relevantes da história. Criei muito hype? Espero que sim, pois o jogo merece! Continue lendo e deixe-me explicar o que torna o título tão bom.

Uma campanha memorável

Nunca fui muito fã dos enredos de jogos de videogame, embora eles inegavelmente venham melhorando bastante nos últimos anos. Na minha concepção, jogos como Call of Duty e Battlefield sempre trouxeram intrigas políticas risíveis e completamente desinteressantes como pano de fundo para suas histórias, e eu nunca prestei a menor atenção nelas, sempre pulando os vídeos para ir direto ao combate. Mas a história de Black Ops II, sensatamente, é mais sobre os personagens do que sobre as guerras, o que é algo absolutamente cativante. É impossível jogar e não se importar com o drama dos personagens. Aliás, não se surpreenda se terminar a campanha torcendo pelo vilão Raul Menendez. Muito bem escrito e com motivações críveis, ele é candidato a um dos melhores personagens de videogame da história.
Raul Menendez, o carismático "vilão" de Black Ops II.


Mas talvez o maior mérito do enredo de Black Ops II seja o modo como o jogo permite que você molde diretamente o desenrolar da trama com suas ações e escolhas morais. Tudo bem que isso não é novidade nos videogames, e séries como Mass Effect fazem uso desse artifício há anos, mas não deixa de ser interessante ver um FPS entrar nessa onda. Frequentemente você terá a opção de matar ou não um personagem, ou descobrirá que o que parecia um objetivo obrigatório era na verdade facultativo (Sim, às vezes é possível falhar num objetivo e continuar normalmente com a história!). É simplesmente muito legal avançar na trama e ver seus erros voltando para lhe atormentar. Isso causa um nível de imersão sem precedentes e aumenta bastante o fator replay de Black Ops II, já que você vai jogar várias vezes só para descobrir o que poderia ter feito melhor.

Pelo lado negativo, as missões do modo "Força de Ataque" da história realmente não empolgam nada. Aqui temos cenários de pura ação mesclados com o que deveriam ser toques de estratégia nos moldes de Command & Conquer, mas o resultado acaba sendo um tanto indigesto. Você pode controlar os personagens através de uma câmera aérea, guiando-os para o combate e confiando na inteligência artificial, ou pode assumir o controle de cada soldado ou máquina de guerra individualmente, desde torretas até pequenos planadores. Mas nada disso diverte, e você provavelmente vai acabar assumindo apenas o controle de um soldado e jogando essas missões burocraticamente como se fossem parte da campanha principal. Uma pena, pois essas missões até eram uma ideia legal e com potencial no papel, mas a premissa acabou não dando certo.

Suas escolhas morais afetam a vida da família Mason
e o desenrolar das missões.
A trama da campanha principal salta frequentemente no tempo, mostrando novos eventos envolvendo os personagens do primeiro Black Ops, com Alex Mason e Frank Woods ainda na época da Guerra Fria, e como eles se relacionam com os personagens do futuro, no ano de 2025, mais especificamente com o vilão Menendez, e com o novo protagonista, David Mason, o filho de Alex. Aqui a velha regra de Call of Duty se aplica, e você vai se sentir o tempo inteiro protagonizando um ótimo filme de ação dos anos oitenta, cheio de frases de efeito e "cenas de mentirada" com os heróis escapando de explosões gigantescas. Esta é a melhor campanha já feita para um jogo de guerra, então chega a ser engraçado notar que, ainda assim, você gastará mais tempo nos outros modos de jogo. Afinal, é difícil resistir à tentação de jogar online ou enfrentar zumbis, não é mesmo?

O multiplayer, ou: “como você vai perder todas suas horas livres”

O que seria de um Call of Duty sem multiplayer online? Desde sempre a série se destaca pela capacidade de consumir todas as horas livres de nosso dia (e até mesmo um pouco mais!) guerreando com jogadores do outro lado do mundo. Black Ops II não é exceção à regra. Na verdade, o jogo pode facilmente ser considerado o mais viciante e complexo FPS online da geração, graças às dezenas de modos de jogo disponíveis, e a um genial novo sistema de classes, que garante que cada jogador possa desenvolver uma classe de personagem perfeitamente adequada às suas necessidades.
Capturar a bandeira é só uma das dezenas de
modos de jogo multiplayer.


Funciona mais ou menos assim: o bom e velho sistema de evolução por níveis permanece, mas ele foi tão alterado que parece algo completamente novo. Ainda há perks e vantagens exclusivas para os jogadores mais experientes, mas a graça aqui é que sua evolução permite montar uma classe de soldado do jeito que bem entender. Há pontos de habilidade que você pode gastar como quiser. Se você não é fã de granadas, que tal tirar os pontos gastos com elas e comprar talentos para recarregar mais rápido suas armas, aguentar mais tiros, ou simplesmente andar mais rápido? Com um mínimo de empenho e estudo, rapidamente você será uma eficiente máquina de matar, e terá uma experiência de jogo única. E você pode ainda filtrar o jogo para enfrentar somente jogadores da sua região ou do seu nível, evitando jogos frustrantes contra os grandes apelões do mundo.

Alguém chama o xerife Rick, precisamos
acabar com os mortos-vivos!
Mas vamos combinar, você provavelmente joga Black Ops online por causa dos zumbis, não é? Pode confessar, não é vergonha alguma. Principalmente porque, em Black Ops II, o modo zumbi conta com mais opções do que nunca! A novidade mais irada é o Tranzit, um modo no qual você vai poder circular de ônibus por um cenário realmente grande e com dezenas de passagens e segredos ocultos para o ajudar na luta contra os mortos vivos. Mas se você é do tipo que prefere apenas cair de cabeça na matança e viver seu próprio The Walking Dead, a boa notícia é que o modo de sobrevivência ainda está presente, e segue viciante como nunca.

Os sons da guerra

Reznor, do Nine Inch Nails.
A trilha sonora de Black Ops II segue o mesmo padrão de qualidade de seu antecessor, e conta com o músico americano Trent Reznor como grande nome no processo de composição. Trent é o líder dos Nine Inch Nails, famosa banda de rock industrial, então o cara aproveita sua experiência no ramo para entregar um clima bem pesado e agressivo ao jogo, o que gera a atmosfera perfeita para os combates. As composições de Jack Wall, responsável pelas orquestrações, seguem o mesmo estilo e transmitem com sucesso todo o clima cru e brutal dos combates armados. Completam a trilha sonora uma das maiores bandas do momento, Skrillex, e a sempre ótima Avenged Sevenfold, que compôs uma faixa exclusivamente para o jogo e protagoniza um easter egg hilário, que você realmente deve ver com os próprios olhos para não estragar a diversão.

Seu Madruga dublando a missão
"fugindo do aluguel".
Normalmente não gosto de gastar um parágrafo inteiro de minhas análises falando de dublagem, mas Black Ops II merece. Enquanto a versão americana traz vozes famosas como Sam Worthington, o protagonista de Fúria de Titãs e outros blockbusters de ação, e a sempre machona Michelle Rodriguez, que você deve lembrar como a Ana Lucia do seriado Lost, a verdade é que pela primeira vez na história dos videogames, a dublagem nacional conseguiu ser superior à original! Depois de alguns anos aguentando as dublagens pútridas e risíveis de jogos como Uncharted 3 e Killzone 3, finalmente foram contratados dubladores de respeito. Com uma direção de dublagem primorosa e praticamente sem falhas, é um prazer enorme ouvir a voz de Carlos Seidl, que você deve conhecer como a eterna voz do Seu Madruga da série Chaves e de Isaac Bardavid, o icônico dublador do Wolverine no desenho animado dos X-Men nos anos 1990. Além deles, temos outros famosos participando na dublagem, como Julio Monjardim, Gustavo Ottoni e Cacau Melo. Certamente um belo time para um belo jogo.

Uma merecida condecoração

Call of Duty: Black Ops II é um jogo virtualmente irretocável. Seus pequenos deslizes, como o servidor levemente instável da Activision, ou as poucas fases burocráticas do modo campanha, não chegam perto de arranhar minimamente o brilhantismo de um jogo incrivelmente corajoso, inovador e ousado. Facilmente um dos melhores jogos do ano e obrigatório para os fãs de ação.
O que você está esperando para se alistar, soldado?

Prós


  • Ótima campanha com um enredo memorável, o qual pode ser sempre moldado pelo jogador.
  • Dezenas de modos de jogo viciantes online, incluindo mais zumbis!
  • A melhor dublagem nacional já feita nos videogames
  • Jogabilidade ágil, intuitiva, e muito bem calibrada

Contras


  • Missões do modo “Força de Ataque” são bem chatas
  • Servidores um pouco instáveis na época do review atrapalham e causam constante migração

Call of Duty: Black Ops II - PlayStation 3 - Nota final: 9.5
Visual: 9.0  |   Som: 10  |  Jogabilidade: 9.5  |  Diversão: 9.5
Revisão: Leandro Freire

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook


  1. Mas pra mim a nintendo vive inovando,voce ve como ele mudou do 64 pro galaxy ja o god of war sempre foi o mesmo

    ResponderExcluir
  2. Porra mano tu vai falar de Mario? Vai mesmo falar de Mario? Puta merda mano fica falando idiotice cara você não sabe nem do que tá falando velho. New Super Mario Bros 8? NÃO EXISTE! A imagem acima, é do Wii U cara. Porra velho não vem falar merda e outra, Mário evoluiu muito mais do que o grande exclusivo GOD of War que vocês tanto amam.

    Sonystas idiotas mereciam ter uma aula esses retardados

    ResponderExcluir
  3. A analise do Game está excelente! Realmente o Game merece atenção por ser uma adição ao gênero shooter!

    Mas sinto muito, achei meio infeliz a citação dos games estagnados, e que "não inovam" em suas novas versões.

    Bom, eu não sou da teoria que fala "em time que está ganhando não se mexe", acho que um mercado que movimenta toda uma comunidade mundial precisa ser dinâmico, nas tem títulos que por si só já são uma grata surpresa.

    Goste ou não mas acho que a Nintendo é sábia em naó mexer de forma profunda na franquia Mario Bros., pois seria dar um tiro no pé se descaracterizasse um dos ícones principais do mundo gamer, que está estabelecido a mais de 25 anos...

    Contudo, creio ser questão de opinião. No mais curti a analise do Game! ^^

    ResponderExcluir
  4. ate parece,a base dos jogos do mario é a mesma coisa:resgatar peach do Bowser,mas a jogabilidade e tals inovou,e muito,falar que mario esta entre esses jogos que não inovou em nada é um erro.E como o Mooh* falou,tem titulos que por si só ja são uma grata surpresa,se god of war mudasse de uma hora para outra iria estranhar,por que o jogo ja tem aquela caracteristica que só ele tem.

    ResponderExcluir