Como eu já disse em outras matérias dessa mesma coluna, o ano de 1999 foi um marco para o PlayStation. O motivo é que o mercado foi inundado de jogos do gênero RPG. Foram títulos e mais títulos que agradavam a gregos e troianos. A safra era tão boa que fui terminar jogos comprados em 99, apenas no ano de 2001. É, meus amigos, saudade daquela "era de ouro".
A produtora Contrail
tentou repetir o feito de obter o mesmo sucesso de Wild Arms – jogo fantástico
que também merece uma matéria – já que ele quebrou o gelo depois do lançamento
de FFVII. A grande questão era se Legend of Legaia também seria um bom título
ou se ficaria apenas na sombra da estrelinha da produtora.
O destino do mundo está em seus punhos
A história do game era sobre um deus que presenteia os
humanos com seres chamados Serus, criaturas que davam aos homens habilidades
como voar, super força e etc. Todos viviam em um período de paz e tranquilidade
até a chegada de uma névoa – chamada Mist - que espalhou o caos e o ódio pelo
mundo, além de ter transformado os Serus em criaturas más. Após ter sua vila
afetada pela névoa, o protagonista Vahn parte em uma jornada para descobrir um
meio de erradicar esse mal.
E como todo herói nunca viaja sozinho, ele encontra pelo
caminho uma jovem que foi criada por um lobo chamada Noa, e um monge poderoso
chamado Gala. Os dois coadjuvantes também possuem objetivos próprios que são
revelados ao decorrer da trama.
Na época, quem pensava estar diante de uma história cafona ficou muito surpreso. A imersão é muito boa e você realmente se envolvia com o drama das situações vividas pelos personagens. Um conjunto de fatores era o responsável por isso, desde as músicas escolhidas até as expressões faciais dos modelos. É simplesmente impossível não se lembrar dos momentos onde as Genesis Trees (árvores que podiam anular a força maligna da névoa) eram revitalizadas, todo o ambiente mudava e a música dava aquela sensação de tranquilidade, que destoava do ambiente sombrio do jogo.
Legend of Legaia tinha um mundo muito grande, se comparado a
outros lançamentos, mas o destaque ficava mesmo para as missões paralelas, que
iam desde pescaria até uma dança no melhor estilo Dance Dance Revolution. Sem
falar nos NPCs que pediam ajuda ao longo do caminho, suas histórias eram tão
interessantes quanto à aventura principal.
Combos arrasadores
O fato é que FFVII serviu de inspiração para o layout
dos personagens, e isso não foi ruim. Legend of Legaia tinha aqueles personagens
“pequenos” nos ambientes de exploração e nas cutscenes, e em tamanho real
durante as batalhas. O destaque fica para os modelos que impressionam na
batalha, levando em conta a época em que o jogo foi lançado. Isso sem falar em
detalhes como a mudança de equipamentos, armas e a mudança do plano de fundo
nos combates de acordo com o cenário em que os personagens estavam. Eram
fatores que adicionavam muito mais realidade.
Muito além do seu roteiro e dos seus personagens, o
principal destaque do game era também o seu sistema de batalha. Cerca de 90%
dos jogos apresentavam o sistema de turnos onde você escolhia sempre uma
determinada ação. Aqui tudo era um pouco diferente, os três personagens
possuíam uma espécie de medidor que indicava quantos movimentos eles podiam
fazer. Por meio dos direcionais, você tinha que tentar as mais variadas
combinações para executar determinados golpes.
Pra quem pensava que era só sair apertando loucamente os
botões que o personagem faria milagres, na prática a coisa não era bem assim. Apenas
fazendo uma combinação especial de golpes é que novos combos são destravados. Mas
você também podia encontrar pergaminhos que ensinavam a ordem certa dos
ataques. Vale destacar que magias também
podiam ser usadas, mas de uma forma um pouco diferente do habitual: em
determinados momentos, você encontrava Serus com poderes mágicos que podiam ser
absorvidos pelas luvas dos personagens, destravando assim novas magias.
Após descobrir os melhores golpes, era preciso bastante
estratégia para executá-los. Por exemplo, se você enfrentasse um inimigo que
podia flutuar, de nada adiantava dar um chute baixo. São pequenos detalhes, mas
fazem toda a diferença para deixar as batalhas ainda mais divertidas.
Impossível não sentir saudades
Mesmo que tenha disputado o mercado com inúmeros títulos de qualidade, Legend of Legaia não desapontou. Seus gráficos bonitos e o sistema de combate decente deixaram o título a frente de muitos nomes de peso.
É simplesmente impossível não sentir saudade da época em que você ficava perdido em meio a tantos jogos bons de um mesmo gênero. Infelizmente não vemos mais isso hoje em dia, a indústria prefere investir em títulos genéricos que agradam fãs específicos, ao invés de tentarem conquistar novos públicos. O que será que mudou ao longo do tempo, a indústria ou o público gamer?
Revisão: Leandro Fernandes
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