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Análise: Resident Evil 6 (PS3)

Se você tinha esperanças de que Resident Evil voltaria às suas origens, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Com a chegada do sexto game da... (por Clínica Miller em 24/10/2012, via PlayStation Blast)

re6_capa_psblastSe você tinha esperanças de que Resident Evil voltaria às suas origens, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Com a chegada do sexto game da série principal fica claro que a Capcom manteve o rumo tomado a partir de RE4 e consolidado em RE5, priorizando a ação. Mas isso não é nem de longe uma coisa ruim; Resident Evil 6 mostra que quem vive de passado é museu: com novos controles, personagens, inimigos e localidades, além do retorno de alguns de seus principais protagonistas, RE6 pode facilmente figurar não apenas entre os melhores games da série, mas também como um dos melhores lançamentos do ano.

(Quase) Tudo novo

re6_psblast_001Resident Evil 6 conta com diversos novos elementos que, juntos, tornam toda a experiência de jogo bem completa. A possibilidade de andar e atirar ao mesmo tempo, por exemplo, tirou aquele ar datado da série e proporciona embates ainda mais intensos e, principalmente, ajudam bastante na hora de criar estratégias de ataque e defesa. Concordo que era super legal o clima de tensão criado quando se precisava atirar em hordas de zumbis nos jogos anteriores e o personagem ficava lá, paradão, atirando contra inimigos que não paravam de avançar em sua direção. Mas cá entre nós, isso não é nem um pouco razoável. Em RE6 essa nova possibilidade – andar e atirar ao mesmo tempo – vem de forma tão natural e funciona tão bem (qual é, você realmente ficaria parado para atirar contra zumbis que adorariam tirar um bom pedaço do seu cérebro?) que chega a espantar que não tenham utilizado essa ferramenta em RE4 e RE5, por exemplo. E o melhor é que não se resume simplesmente a andar e atirar; é possível saltar para os lados, rolar e atirar, se arrastar de costas no chão enquanto alveja seus inimigos e até mesmo correr, deslizar e disparar freneticamente contra o que vier pela frente. De certa forma, é plausível de se imaginar que funcionaria mais ou menos assim em um apocalipse zumbi real.

re6_psblast_002Também foi inserido um sistema de cover um tanto confuso: para se esconder atrás de paredes, mesas, caixotes ou o que mais servir como escudo, é necessário primeiro se aproximar do local, mirar e só então pressionar o botão X. Seu personagem, então, se esconde atrás de seja lá o que for e só sai dali ao pressionarmos X novamente ou empurrarmos a alavanca do controle na direção em que desejamos atirar (neste caso, ao soltar a alavanca o protagonista volta a se esconder). Além dessa sistema de cover, há uma maior interação com os objetos do cenário: durante uma corrida em disparada (isso aí, agora dá pra andar, correr e arremeter como se fossemos tirar nossos pais da forca), ao seguir em direção a uma mesa ou bancada, por exemplo, o personagem simplesmente pula – e por vezes desliza – por cima dela, tornando a correr como um louco ao voltar para o chão. Em uma perseguição desenfreada ou num momento em que há mais adversários na tela do que munição nas suas armas ou estamina na sua barra, esse novo elemento ajuda bastante.

re6_psblast_003Por falar em barra de estamina, RE6 conta também com um bom sistema de golpes corpo-a-corpo. Já presente em jogos anteriores da série, mas somente como ataques de finalização (os famosos Suplex e Houndhouse Kicks de Leon em RE4 e os socos derrubadores de pedras de Chris em RE5, por exemplo); já em Resident Evil 6 eles fazem parte da jogabilidade em tempo integral. Está ficando sem munição (ou simplesmente quer poupá-la para um momento mais oportuno)? Socos e chutes podem ser a melhor solução. E esses movimentos, além de bastante úteis na maior parte do tempo, em geral são bem legais de se ver. Vai dizer que não é gratificante derrotar um zumbi com os golpes dignos de MMA da Helena? Mas fique atento pois se a estamina acabar o personagem não consegue fazer movimentos muito elaborados (como chutar ou socar, por exemplo) por um tempo, então nada de sair por aí dando uma de lutador profissional.

re6_psblast_004Além de permitir a utilização balanceada dos ataques físicos, a barra de estamina também permite o uso de quick shots, os tiros rápidos que muitas vezes podem salvar sua pele. Ao pressionar R1 e L1 ao mesmo tempo, seu personagem dá um tiro “no susto” na direção do inimigo mais próximo, deixando-o atordoado e com a defesa aberta tanto para golpes físicos quanto para tiros certeiros. Também é possível se arrastar mais rápido quando estiver passando por tubos de ventilação ou ambientes apertados quando ainda se tem alguma estamina na sua barra.

re6_psblast_004_2Já em relação a inimigos, a novidade fica por conta do vírus: o C-Virus, que dependendo da forma como for administrado na vítima pode causar diferentes tipos de mutação. Quando inalado, o vírus transforma quase que instantaneamente o infectado em uma espécie de zumbi (só que mais rápido e mantendo algumas de suas habilidades, como o uso de armas – de um jeito bem desengonçado, diga-se de passagem). Quando a infecção se dá diretamente na corrente sanguínea, o sujeito mantém parte de sua consciência por um bom tempo, mas sofre mutações como o crescimento de diversos olhos em seu rosto e o crescimento de membros super fortes e desformes quando seus originais são destruídos ou seriamente danificados. O C-Virus faz com que a temperatura corporal do indivíduo chegue a níveis altíssimos, ocasionando uma combustão espontânea que resulta na criação de uma espécie de casulo em volta de seu corpo. Em pouco tempo o casulo se abre e de dentro sai algum tipo bizarro de criatura.

Mas e o retorno às origens?

re6_psblast_005Alguns meses antes do lançamento de RE6, durante sua campanha promocional, a Capcom deu dicas de que pretendia levar o jogo de volta às suas origens, ainda que de forma parcial. Segundo a desenvolvedora, a ação continuaria sendo parte integrante de boa parte do jogo, mas que ainda assim eles queria fazer uma espécie de tributo ao que a série já foi e, assim, agradar também àqueles que sentiam falta do clima de suspense e terror dos primeiros títulos da série principal.

re6_psblast_006De certa forma, a Capcom cumpriu com sua promessa: elementos como o uso das ervas medicinais, ambientes escuros e claustrofóbicos, o retorno de personagens como Leon, Chris e Ada e a perseguição de Ustanak a Jake e Sherry no melhor clima de Nemesis de Resident Evil 3 são claras homenagens aos jogos anteriores, sem contar os diversos diálogos que remetem a fatos ocorridos em títulos passados. Mas o “retorno” fica por aí. Mesmo a campanha de Leon e Helena, que segundo a Capcom seria o maior tributo do título aos primeiros games a levar o nome da franquia acaba se perdendo em meio aos tiroteios, explosões e correrias sem fim em determinado ponto da história – e devo dizer, apesar de no geral o jogo agradar bastante, isso é um desapontamento e tanto.

Quatro campanhas, uma história

O maior trunfo de RE6 talvez seja sua história, que apesar de não ser lá a melhor do mundo, até que é bem elaborada e, quando terminadas as quatro campanhas principais, mostra-se bem amarrada. É comum esbarrar com outras duplas em determinados pontos das campanhas, então nada de se espantar ao encontrar Jake e Sherry enquanto jogando com Chris ou Piers, ou ainda receber uma mãozinha de Ada Wong quando no controle de Leon ou Helena.

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re6_psblast_008Não existe necessariamente uma ordem corretar para se jogar RE6, principalmente porque você só vai entender uma boa parte da história após jogar a campanha de Ada, que só é liberada quando fechadas as outras três campanhas; aliás, mesmo terminando as quatro ainda vai ficar muita dúvida no ar. Pensando nisso (ou utilizando esse artifício como um tapa-buracos para sua história boa, porém de longe perfeita), a Capcom optou pelo uso dos famosos arquivos, que normalmente ficavam espalhados pelos cenários nos jogos anteriores. Em RE6, esses arquivos são obtidos através dos Serpent Emblems, que devem ser destruídos durante o jogo e liberam informações em uma parte específica do menu do jogo. É ali que muita coisa acaba sendo revelada, então trate de deixar a preguiça de lado e dê uma lida em tudo o que conseguir de informação. O melhor de tudo é que, como a desenvolvedora optou por dar suporte ao jogo em português, tanto legendas quanto menus e demais informações do jogo estão em nossa língua, então não é preciso ser fluente em inglês para aproveitar tudo o que RE6 tem para oferecer. Mas fique esperto, pois a legenda em português contém alguns errinhos de digitação (e muitos de adaptação).

Compro ou não compro?

re6_psblast_009Em termos gerais, Resident Evil 6 é ótimo jogo. Ao terminar sua primeira campanha provavelmente o primeiro pensamento a vir à sua cabeça vai ser “espera aí, é só isso?”, pelo menos até você perceber que ainda tem mais três campanhas inteiras para jogar, além dos extras Mercenaries e Agent Hunt para usufruir. Aliás, um dos pontos mais interessantes de todo o jogo é exatamente esse modo Agent Hunt, que consiste em encarnar um dos inimigos do jogo e partir pra cima dos protagonistas. Pra você, que estará na pele de um cachorro zumbi ou de um J’avo, será bastante divertido; para o jogador do outro lado da tela, por ter um adversário vivo, inteligente, o jogo se tornará mais desafiador. Também foi legal inserirem automóveis controláveis; em Resident Evil 6 você vai se pegar dirigindo carros e motos em alta velocidade, além de se divertir pilotando (acredite!) um helicóptero!

re6_psblast_010Mas nem tudo são flores, e RE6 peca em diversos aspectos. A começar pelo visual: à primeira vista, os gráficos do jogo são fenomenais – pelo menos até aparecer o primeiro carro do jogo. As texturas do veículo são chapadas, não passam nenhuma sensação de profundidade, quase lembram os gráficos dos primeiros jogos para o primeiro PlayStation. E isso é bem estranho, pois contrasta bastante com o visual bem acabado dos personagens e a textura de suas peles que mostram até mesmo alguns poros. Em alguns momentos chega a ser irritante a falta de cuidado com alguns elementos gráficos dos cenários, onde lado a lado figuram objetos bem detalhados e outros completamente desleixados. Sem contar a imensa e totalmente desnecessária quantidade de QTEs (Quick Time Events, aqueles momentos em que você deve pressionar um determinado botão ou sequência de botões para a ação se desenrolar). Chega a ser chato ter de ficar apertando quadrado, xis ou girando o direcional bem no meio de uma cutscene. Se a ideia era deixar tudo mais interativo, o tiro acabou saindo pela culatra; só ficou bem chato mesmo.

O ponto alto de RE6 é a forma como as relações entre os personagens são abordadas. Tanto entre as duplas quanto entre cada personagem, a iminência de um ataque terrorista em nível global mostra o melhor e o pior de cada um deles, e como eles se portam diante de cada situação. O sentimento de cumplicidade e cooperação entre cada um deles está presente o tempo inteiro, deixando o jogador com aquela sensação de “não estou sozinho nessa”. Leon, Helena, Chris, Piers, Jake, Sherry e até mesmo Ada, a vadia de vestido vermelho, passam por maus bocados para impedir que o mundo chegue a um colapso que poderia causar o fim de tudo o que conhecemos. E cabe a você leva-los até o fim de suas jornadas e presenciar seus esforços em prol da humanidade.

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Prós

  • Retorno de personagens consagrados como Chris Redfield, Leon Kennedy e Ada Wong;
  • Mostra a primeira interação direta entre Leon e Chris, dois dos maiores ícones de toda a série;
  • Inclusão de novos elementos no gameplay, como andar (e saltar, rolar e deslizar) e atirar ao mesmo tempo;
  • Retorno dos zumbis, clássicos inimigos da franquia;
  • História bem amarrada, ainda que um tanto confusa à primeira vista;
  • Modo Agent Hunt, que além de divertido prolonga o tempo de jogo;
  • Inclusão de veículos controláveis no jogo.

Contras

  • A câmera do jogo muitas vezes fica fixa em um ponto ruim, atrapalhando a visualização do que realmente importa (como um inimigo vindo em sua direção, por exemplo);
  • Algumas texturas realmente são muito pobres, o que deixa uma sensação estranha visto que a qualidade do jogo e do visual dos personagens principais é quase impecável;
  • Legendas em português com alguns erros de digitação e muitos problemas de adaptação;
  • Jogo vem sem manual, que pode ser consultado apenas online (e nem tem todas as informações necessárias, no final das contas);
  • QTEs, muitos QTEs. Sério, são muitos.

Resident Evil 6 – PlayStation 3 – Nota: 8,5
Visual: 8,0 – Sons: 9,0 – Jogabilidade: 8,0 – Diversão: 9,5
Revisão: José Carlos Alves

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Aquela 5ª foto deu origem ao meme nerd?
    Olha o zumbi pulando

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  2. Pode baixar por aki
    http://sfa-blog.blogspot.com.br/2013/03/resident-evil-6-pc-reloaded-download.html

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