Análise: LittleBigPlanet 2 (PS3)

Em um contexto em que os jogos são cada vez mais criticados pela sua falta de criatividade, LittleBigPlanet 2 segue o exemplo de seu anteces... (por Rafael Neves em 20/10/2012, via PlayStation Blast)

Em um contexto em que os jogos são cada vez mais criticados pela sua falta de criatividade, LittleBigPlanet 2 segue o exemplo de seu antecessor e mostra mais uma vez que ideias novas não estão em escassez – longe disso! Desenvolvido mais uma vez pela Media Molecule, a nova aventura do Sackboy lança o jogador numa sequência de surpreendentes estágios de plataforma em progressão lateral, ao mesmo tempo em que permite que você crie suas próprias fases e personalize seu mundo. Ansioso para voltar ao gigantesco universo em miniatura de Sackboy? Pegue seu controle, chame mais três amigos e aqui vamos nós!

Sackboy contra o mundo

O enredo do game continua a história do primeiro game e da versão para PSP e, se você acha que jogos de plataforma têm roteiros simplistas (como um encanador resgatando uma princesa repetidas vezes), melhor rever seus conceitos. Tudo bem que a premissa principal de LittleBigPlanet 2 não foge muito do clichê de salvar o mundo e resgatar personagens. O Negativitron é o grande vilão, que está disposto a explodir qualquer área de Craftworld (onde o jogo se passa) e escravizar pobres Sackbots… Diante disso, você, um Sackboy, deve se integrar a organização secreta “The Alliance” para pôr um fim na bagunça.

O destaque não é a história, mas os personagens que recheiam o enredo com seu carisma e humor. Temos o mentor Larry Da Vinci com seus óculos 3D totalmente desnecessários, a madame Victoria Von Bathysphere com sua paixão por doces e Clive Handforth com suas súbitas mudanças de humor. O design de cada um segue bem o estilo louco do jogo (que falaremos mais adiante). Mesmo que a dinâmica do game lhe impulsione a simplesmente pular os diálogos, acredite: eles são bem interessantes.

Pulando, atirando, pilotando…

Nessa jornada, você controlará o Sackboy, um guerreiro literalmente único, pois é você quem dará a cara ao seu protagonista. Seguindo o exemplo dos games anteriores, Sackboy é completamente customizável. Roupas, armas, olhos, cabelos, acessórios, tudo pode ser trocado a todo o instante. É claro que conseguir todos os itens para construir o Sackboy dos sonhos exigirá a exploração dos cenários atrás de itens colecionáveis. E falando nos estágios, precisamos lembrar: são fenomenais. Quem disse que games de plataforma estão desgastados? Em LittleBigPlanet 2, você nunca sentirá monotonia, uma vez que cada fase tem uma mecânica única e desafios empolgantes.

Se numa fase você estava pulando entre plataformas com o Grappling Hook, em outra estará apagando incêndios enquanto pula sob plantas e não vai demorar a explorar uma fábrica de doces ou o espaço sideral. A jogabilidade funciona muito bem. Mesmo com controles que muitas vezes distoam da proposta de ser um side-scrolling, como nos momentos de shooter e corrida, não é nada difícil se acostumar com os controles do jogo. Há também puzzles pelos estágios, que não são exatamente difíceis de se resolver, mas não deixam de ser um toque interessante à fórmula. É também possível usar o PS Move no jogo, mas, como na maioria dos games de plataforma, é preferível e recomendado que se utilize o controle tradicional. Ok, o acessório foi bem implementado, mas jogadores hardcore provavelmente o verão como mera extensão e não o principal do game.

Mas nem tudo são rosas e, em LittleBigPlanet 2, temos aspectos negativos da jogabilidade. Primeiramente, os saltos de Sackboy nunca são precisos. É difícil pular com confiança, pois o herói tem um salto meio “flutuador” que atrapalha na exatidão dos pulos. Outro ponto negativo é a troca entre as camadas. Embora o game tenha progressão lateral, ele tem certa profundidade, configurando-se como um jogo 2.5D. Tal recurso é muito explorado, mas fica difícil determinar a todo o momento se você está mais próximo ou mais afastado da tela, o que pode levar a mortes injustas. Essa complicação torna-se mais grave em partidas multiplayer, nas quais a tela fica com muito mais personagens, logo, prepare-se para morrer algumas vezes sem nem saber por quê. Felizmente (ou infelizmente, para os loucos por desafios) morrer não é um problema no jogo, visto que checkpoints são abundantes.

Pop art em HD

Se os diferentes mundos usados nos videogames já estão com temáticas repetitivas (como floresta, deserto, vulcão…), LittleBigPlanet 2 aposta justamente no contrário: fazer estágios com as temáticas mais variadas (e loucas) possíveis. E aqui encontramos um verdadeiro espetáculo de pop art. Cada um dos mundos tem uma temática bem original e interessante, como inspirações nas invenções de Leonardo Da Vinci, laboratórios de loces, florestas tropicais escaldantes e até mesmo temas bem futuristas. Todas elas não só interferem no level design (que é bem competente), como também dá vazão a estágios sempre bonitos. Pare para notar na quantidade de detalhes que há nos cenários do jogo e veja o espetáculo de elementos visuais, fotos, placas e sinais espalhados pelo plano de fundo.

Até estágios em referência aos primeiríssimos jogos eletrônicos já criados existem! O recurso gráfico principal é o uso de texturas semelhantes a “tecidos” (como em Kirby's Epic Yarn para Wii), mas há também uma infinidade de recursos visuais e efeitos de luz. Mas, apesar de esteticamente impecáveis, é certo que o game não tira todo o potencial do PS3. Ok, temos imagens em HD belíssimas, mas Batman: Arkham City e Uncharted 3: Drake’s Deception nos mostraram outro patamar gráfico do console.

E o que dizer da trilha sonora? Uma mais louca do que a outra, as músicas do jogo misturam estilos e o trabalho de várias bandas em um espetáculo sonoro absolutamente cativante. LittleBigPlanet 2 é mais do que um jogo para ser jogado, é uma obra-prima para se ouvir como se escuta a qualquer banda famosa. O acervo musical foi, com certeza, um dos maiores impulsionadores da minha vontade de continuar jogando – não que o game seja cansativo.

Bem vindo à Comunidade!

Como em muitos jogos de PS3, o universo de LittleBigPlanet 2 ganha uma extensão a mais quando conectado à internet. A função, inicialmente, pode parecer uma mera forma alternativa de se jogar com os amigos: em vez de juntar todos num mesmo sofá, cada um no conforto de sua própria poltrona. E realmente é bem possível fazer isso e curtir uma jogatina em grupo, caso não se importe com os lags. LittleBigPlanet 2 é, de fato, especialmente divertido e engraçado quando jogado com seus amigos e família – ainda mais se estiverem os quatro juntos. Sejam nos estágios cooperativos ou nos mini-games competitivos, é um jogo para lavar o tédio das tardes de domingo. O problema fica para a câmera, que é incapaz de agradar a todos os jogadores. Dessa forma, o multiplayer acaba por se tornar caótico demais.

Quem achar o Story Mode curto demais (sua duração é razoável) pode curtir os vários DLCs que existem para o jogo. Muitos baseados em outros jogos e séries famosas, o conteúdo extra traz fases inéditas e novas roupas para o Sackboy. É interessante vestir uma roupa de Solid Snake ou de Nathan Drake e se aventurar pelos estágios de Toy Story, por exemplo.

Mas o maior aspecto da interatividade de LittleBigPlanet 2 é a opção de criar seus próprios estágios, compartilhar com jogadores do mundo todo e jogar as fases feitas pelos outras pessoas. Óbvio que construir uma fase não é tão fácil, mas a dificuldade não exigirá nenhuma experiência com programação. Basta coletar a maior quantidade possível de materiais e stickers pelas fases do Story Mode para ter recursos o bastante para criar sua fase. A partir daí, é só seguir os inúmeros tutoriais que o game disponibiliza e, com sorte, em alguns dias você terá suas obras-primas.

É exatamente o que você pensou: se não tenho paciência para fazer meus estágios, curtirei apenas o Story Mode e brincarei nas fases dos outros. Mas, se você ter curiosidade e interesse em dominar as técnicas de criação, LittleBigPlanet 2 torna-se praticamente um novo jogo. Sim, é bem recompensador ver outros jogadores “curtirem” suas fases. E, em vez de jogar fora todo o conteúdo que os fãs já criaram com as ferramentas do primeiro LittleBigPlanet, a Media Molecule optou pela retrocompatibilidade. Ou seja: tudo o que os jogadores criaram no primeiro título foi incorporado ao acervo desse novo jogo. O recurso de criação de estágio com certeza vale a pena para os que quiserem se aventurar por ele.

Pequeno? Gigantesco!

LittleBigPlanet 2 é um dos maiores orgulhos dos donos de um PS3. Exclusivo do console da Sony, o terceiro game de Sackboy está um passo à frente de suas duas versões anteriores. Um estilo artístico que mistura com maestria visuais fantasticamente bem trabalhados a canções incríveis banham uma campanha de duração razoável, mas surpreendente do início ao fim. E o fator replay pode ser multiplicado infinitamente se você se aventurar pelo universo online do jogo. Criando, compartilhando e experimentando fases, LittleBigPlanet 2 torna-se simplesmente viciante. Reúna mais três amigos (ou mais, é só deixá-los na espera) e vamos ao 100% customizável mundo de LittleBigPlanet 2!

Ah, e, se quiser, faça uma perguntinha ao nosso amigo Sackboy! É ele quem responde às perguntas da coluna PS-Blast Responde. É só acessar http://www.formspring.me/psblast e deixar a criatividade (e a curiosidade) tomar conta!