Sim, O PS Vita ainda existe! Aos poucos ele vai mostrando ao público quais são as suas reais intenções. Porém, é impossível olhá-lo e não sentir aquela sensação de “abandono”. Será mesmo que a Sony o esqueceu, ou é apenas alguma estratégia obscura de mercado? A questão é que até hoje ele é visto de forma controversa por muitos gamers. Quer saber mais? Discuta com a gente o futuro do portátil.
Quem não se lembra de um charmoso trailer apresentado durante a E3 2011? Nele, muitos fãs ficaram extasiados com as promessas da Sony para o seu novo “brinquedinho”.
Tudo era possível com o novo aparelho. Diversas e incríveis funcionalidades, gráficos espetaculares e jogos que prometiam diversão na certa. Quase um ano depois e o que temos? Um produto que está lutando para cair nas graças do consumidor.
Propagando enganosa?
Já começo dizendo que não! A Sony não enganou ninguém, de forma alguma. O PS Vita é um portátil incrível. Bastam apenas alguns minutos com ele em mãos e você também irá perceber isso. Todo o seu harware dá aquela sensação de um “gigante adormecido”. E é bem por aí mesmo…
Você fica com aquela impressão de que tem uma arma poderosa, mas não sabe muito bem como usá-la. Ainda com a metáfora, o que torna uma arma útil são suas balas, no caso de um videogame, seus games.
A Sony deu a entender que muitos títulos estariam disponíveis no lançamento. Meia verdade. Apesar de um portfólio inicial melhor do que o 3DS da Nintendo, o Vita não emplacou porque seus jogos não chamavam tanto a atenção. Nesse ponto entra uma questão controversa e muito pessoal, os chamados ports. De forma mais clara, não houve um jogo decente feito que já não tivesse dado as caras no PS3. Ok! Mas qual o problema nisso?
Simples. Se um fã de Marvel vs. Capcom pode jogar o game na sua TV gigante de 50” full HD, porque ele se contentaria em jogar o mesmo jogo em uma tela de 5”? A escolha dos jogos iniciais foi ruim justamente por isso. O Vita poderia ter deixado claro a que veio desde o início se já tivesse um jogo exclusivo. Não me entendam mal, não sou contra ports. Acho válido em casos como o de Assassin’s Creed III: Liberation, onde é possível ter toda uma nova experiência, com novas histórias.
Não basta apenas adicionar funcionalidades touch a um jogo já conhecido, é necessário convencer o jogador, mostrá-lo que o Vita vale a pena por causa dos seus jogos diferentes e inovadores. Muitos meses depois e como está a situação? Praticamente a mesma. Com exceção do brilhante Gravity Rush (você confere uma análise na semana que vem), não há nenhum game que te faça desejar desesperadamente um Vita. Totalmente compreensível, afinal, pode-se contar nos dedos da mão do Lula os jogos que valem a pena. Quem sabe quando Soul Sacrifice chegar as coisas não mudam.
Talvez sim, talvez não. Apesar de ter visto a mancada, parece que alguns chefões teimam em continuar com os velhos erros. Desculpem-me aqueles que aprovam ou estão animados, mas não vejo nada demais na “grande surpresa” chamada Cross Buy, na qual você compra um jogo de PS3 e têm direito ao mesmo jogo no Vita. Para mim isso não passa de estratégia de venda fajuta e que tenta convencer o público gamer com ilusões. Talvez revele-se como um tiro no próprio pé.
O fato é que a Sony tem sua parcela de culpa por esse fiasco inicial. Mas também não adianta crucificá-la. O Vita não possui bons jogos exclusivos porque muitas produtoras estão com o “pé atrás” em relação a ele. Foi exatamente isso o que aconteceu nos últimos meses, muitos jogos deixaram de ser produzidos, ou foram interrompidos, por causa dessa má recepção. Se veremos parcerias reatadas ou novos apoios, só o tempo dirá.
O fantasma do PSP
Um dos grandes problemas enfrentados pelo Vita é justamente o de superar o seu antecessor, o PSP. Por aqui ele pode não ter feito um sucesso tão grande, mas no Japão o PSP tem enorme apoio. Talvez por isso a Sony planejou lançar o Vita primeiro por lá.
Mas como todos sabem, as coisas não saíram bem como o planejado. O Vita luta até hoje para se firmar no mercado, tanto é que em várias semanas ele vendeu menos que o PSP. Um modelo que tinha tudo para dar certo vender menos que seu antecessor é, no mínimo, preocupante. O motivo disso tudo é que o PSP continua recebendo forte apoio, são inúmeros jogos anunciados que deixam os donos do Vita com água no boca. Basta mencionar Hunter x Hunter e One Piece que vocês podem entender…
Por tudo isso, muitas pessoas ainda encaram o Vita como um “PSP com algo mais”. E isso divide o público consumidor: enquanto uns desistem da compra, outros compram o Vita para jogar os jogos de PSP. É bem simples: vou comprar um Vita para jogar PSP até sair um jogo que convença. Essa situação pode não ser comum no Japão, onde um mesmo sujeito tem três ou quatro portáteis, mas é bem marcante por aqui. Quem já tem um PSP, não vai comprar um Vita. Mas quem não tem, fica nesse dilema. Confesso que eu mesmo fiz isso. Até comprar o Gravity Rush, me divertia horas com Megaman Maverick Hunter X, de PSP.
Estratégias ruins? Que nada, é mancada mesmo!
Como se não bastasse, a Sony adota medidas que afastam ainda mais o público gamer. A principal delas, e a mais comentada, é justamente o uso dos cartões de memória. Não vejo problema algum em usar um dispositivo exclusivo, desde que seja feito com o mínimo de bom senso, o que não ocorreu. Para ter acesso a capacidade de armazenamento máxima do seu portátil, baixar seus jogos e coisas afins, você tem que desembolsar a faraônica quantia de R$ 300,00 (em alguns lugares chega a R$ 400,00) por um cartão de 32GB. O que é absurdo considerando as peculiaridades brasileiras. Mas por incrível que pareça, o preço, sozinho, não é o principal problema.
Já se vinha especulando que um usuário não poderia utilizar o mesmo cartão em contas PSN diferentes. Eis que, na atualização 1.8, o temor se confirma. O Vita agora bloqueia os cartões de memória a apenas uma conta. Ou seja, você quer aquele jogo que só está disponível na PSN europeia? compre outro cartão de memória. Agora sim, somando isso com o preço, fica uma situação ilógica, inaceitável e absurda.
Tudo fica mais grave ainda se pensarmos que nem todos os jogos estão disponíveis em uma única PSN. Outra mudança na atualização 1.8 é que agora é possível baixar os clássicos jogos de PS para jogar no Vita. Mas enquanto a PSN europeia está abarrotada de jogos, a americana possui nove. Nem preciso comentar sobre a PSN brasileira…
Por favor, alguém me explique o porque de adotar políticas tão mesquinhas? Sony, você está demonstrando que não possui respeito algum com o seu consumidor e principalmente com seus fãs. Desse jeito não há jogo que te salve. Tendo Uncharted ou não, o Vita fica conhecido como o portátil caça níqueis.
O que esperar do PS Vita no futuro?
Difícil dizer. Até o fim do ano, alguns games interessantes podem dar as caras, resta saber se isso vai ser o suficiente para alavancar a popularidade do Vita. E também não adianta nada o CEO da Sony, Kazuo Hirai, fazer declarações como essa:
Mundialmente, o Vita está de acordo com o que esperávamos que seria, mas pode estar abaixo em alguns certos lugares.
Números de vendas são importantes? Lógico! Infelizmente, são eles que definem o sucesso ou o fracasso de um produto. Mas a Sony deveria se preocupar menos em fazer relatórios e estatísticas sobre vendas, e mais em dar a devida assistência e suporte para os fãs que já compraram o portátil. Se quem ainda não comprou está torcendo o nariz, imagina aqueles que desembolsaram uma grana confiando na empresa.
O PS Vita não vai sobreviver muito tempo apenas com jogos de PSP e PS. É preciso que novos e inovadores jogos, chega de ports, cheguem ao mercado para mostrar do que ele é capaz. Na minha opinião, o Vita teria um futuro brilhante se apostasse não apenas em grandes produções, mas em jogos indie que demonstrem as suas especificidades.
Aposto que um Rain ou Until Dawn ficariam perfeitos no Vita, assim como jogos do mesmo estilo que Limbo. Em outras palavras, a Sony deveria abrir as portas da PSN para produtoras independentes e criativas, que só estão esperando uma oportunidade de mostrar o quanto são boas. Escape Plan é um exemplo claro, pois trata-se de um dos melhores jogos do portátil.
Como se tivesse previsto essa matéria, ontem, o vice-presidente de marketing da divisão de games da Sony, John Koller, em entrevista ao Gamasutra, afirmou que a empresa não quer que as produtoras fiquem lançando ports para o PS Vita. O porque disso? Simples, eles não querem repetir os mesmos erros cometidos com o PSP:
O problema que aconteceu com o PSP é que ele foi completamente tomado por ports. Dessa forma, tornou-se muito difícil para nós definir o que fazia o PSP único.
Ou seja, a Sony já percebeu que, do jeito que está, o PS Vita só tende a afundar mais ainda. Será que teremos uma reviravolta?
No fim das contas, é absolutamente frustrante ver o potencial mal aproveitado do PS Vita. O jeito é esperar que a Sony caia na real e comece a estabelecer medidas para superar esse fracasso que foi o primeiro semestre. E você, leitor, o que acha? Vale a pena dar uma chance ou o portátil já está condenado?
Revisão: Alberto Canen
agora voce so compra os jogos daqui a 2 anos
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