Metal Gear Solid foi um arrasa-quarteirão quando foi lançado. Não apenas ressuscitou a antiga franquia da Konami, como também trouxe vários novos fãs para a complicada saga de Solid Snake. Não é de se estranhar que todos ficaram sedentos por uma continuação. E ela chegou, em 2001 já para o PlayStation 2. Em uma plataforma mais avançada, a expectativa foi alta, já que poderíamos controlar Snake com ainda mais habilidades e em um ambiente muito mais interativo. A única coisa que o Kojima esqueceu de avisar na época é que o protagonista de Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty seria um tal de Raiden.
Snake. SNAKE! SNAAAA...Raiden?!?!
A história do jogo começa dois anos após os eventos em Shadow Moses, que foram mostrados no primeiro MGS. Solid Snake abandonou a FOXHOUND e, junto com Otacon, passou a trabalhar para a organização Philantropy. Juntos, os dois começam a investigar o desenvolvimento de um novo Metal Gear. Para isso, Snake invade um navio petroleiro que serve como disfarce para a fabricação de várias armas. No local, ele acaba descobrindo que um dos homens responsáveis pela coisa toda é ninguém menos que Revolver Ocelot.
O velho pistoleiro implantou a mão de Liquid Snake no lugar da sua própria, que foi amputada no game anterior, e por isso começa a manifestar a personalidade de Liquid de tempos em tempos. Numa dessas manifestações, Liquid assume o controle do novo Metal Gear (chamado de RAY) e afunda o navio. Snake afunda junto, mas todos sabemos que na cena seguinte ele irá reaparecer e vamos continuar jogando normalmente, certo? Não. Depois desse incidente, dois anos se passam e assumimos o controle de Raiden, um operativo da reformulada FOXHOUND, que passa a trabalhar sob o comando do coronel Roy Campbell.
A missão de Raiden é se infiltrar na estação de limpeza marítima chamada Big Shell, que foi tomada pelos terroristas Sons of Liberty. Os caras sequestraram ninguém menos que o presidente dos EUA e ameaçam destruir a estação, causando um tremendo estrago ambiental. Claro que, assim como todo Metal Gear, existe uma conspiração por trás de toda essa historinha de sequestro e desastre ambiental. A verdade é que a Big Shell não passa de um esconderijo para o Arsenal Gear, uma poderosa arma controlada pela inteligência artificial conhecida como GW.
A ascensão das inteligências artificiais
Uma das coisas mais interessantes de Metal Gear Solid 2 é o fato de que, em muitos momentos, ele se parece demais com o primeiro jogo. Mas isso tem um motivo. A verdade é que grande parte da missão de Raiden não passou de uma simulação da tal inteligência artificial. Tudo foi articulado pela organização Patriots com o objetivo de criar um soldado do mesmo nível de Solid Snake. É neste jogo que a história da série começa a ficar bem confusa e é revelado que os Patriots vem governando os EUA há muitos anos, escolhendo quem eles querem como presidente, tudo através da GW. Aqui também é revelado que um terceiro clone de Big Boss foi feito: Solidus Snake, que é o grande “vilão” do jogo.
No momento em que Raiden começa a tomar conhecimento da simulação, Kojima aproveita pra jogar pela janela toda a lógica dos games, inclusive quebrando a quarta parede e conversando com o jogador. Essa sequência de eventos é muito inesperada e bem bizarra, principalmente pela condição na qual o protagonista se encontra: pelado e tentando fugir de seus captores. Além das informações desencontradas que a simulação do coronel Campbell fornece para Raiden, em determinado momento ele começa a falar com o jogador que ele irá falhar na missão, que é melhor desistir de uma vez. Me pergunto quantas pessoas devem ter desligado o videogame quando a IA sugere que só resetando o jogo seria possível passar de determinado ponto. Afinal, no primeiro MGS existia o truque de trocar o controle de lugar para derrotar Psycho Mantis.
Como não poderia deixar de ser em um jogo da série, Metal Gear Solid 2 possui gráficos excelentes, perdendo apenas para seu sucessor. Em um tiroteio é possível atingir vários objetos do cenário, algumas vezes até mesmo dificultando a visão do jogador. Com a melhoria gráfica permitida pelo PlayStation 2, Snake e Raiden ganharam novas habilidades. Ao se encostar na parede, por exemplo, o personagem pode sair da cobertura para disparar um tiro rápido e voltar a se esconder. Outra adição é que os corpos de inimigos derrotados deixaram de sumir, sendo necessário escondê-los para não levantar suspeitas, o que aumentou o nível de estratégia do game.
Além disso, os personagens, que antes se escondiam debaixo de carros e mesas, podem se esconder também dentro de armários. O jogador ganhou também a opção de manter seus inimigos vivos, podendo utilizar dardos tranquilizantes no lugar de munição letal. Porém, se for necessário força bruta, os personagens podem até mesmo usar alguns soldados como escudo humano. A inteligência artificial dos inimigos também foi aprimorada, o que os permite bolar pequenas estratégias de ataque em grupo para derrotar o jogador, além de alguns deles utilizarem até mesmo escudos.
Faltou carisma
A grande crítica ao jogo fica realmente por conta do protagonista Raiden, que não é lá muito carismático até que seu passado como soldado infantil é revelado. Realmente este é o jogo mais fraco da série, servindo muito mais para apresentar conceitos que seriam importantes para o final da saga em Metal Gear Solid 4. Entre esses conceitos estão os Patriots, as nanomachines (que estão no sangue de Raiden), as inteligências artificiais e a personalidade de Liquid Snake se manifestando em Revolver Ocelot. Apesar de não ser genial como os outros capítulos da franquia (sim, sou fã da saga), Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty ainda consegue ser um jogo stealth extremamente divertido. Principalmente porque não é todo dia que temos a chance de enfrentar nada menos que 25 Metal Gear RAY.
Revisão: José Carlos Alves
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