Antes mesmo de ser lançado, Escape Plan caiu nas graças dos poucos donos de um PSVita. Ainda mais se levarmos em conta a carência de bons títulos iniciais que o portátil vinha e vem sofrendo até hoje. Com um enredo peculiar, gráficos no estilo Noir e mecânicas inovadoras, que exploram as funcionalidades do Vita, parecia o típico jogo que agrada a gregos e troianos. Será que ele correspondeu às expectativas dos fãs, ávidos por novidades e bons títulos? Ou é mais um daqueles games que, após o lançamento, não convencem? Confira nossa análise e descubra você mesmo as peculiaridades desse jogo diferente, criativo e para lá de divertido.
Escape Plan é um game feito pela Fun Bits Interactive, o interessante é que o projeto estava nas mãos de Chris Millar, que produziu o decente Fat Princess. Porém, a ideia aqui é nova. Você agora deve controlar dois simpáticos e inusitados personagens, ajudando-os da melhor maneira possível. Melhor ainda é saber que o jogo está completamente traduzido para o português.
O jogo tem um estilo puzzle cheio de charme. Mas também apresenta problemas, no mínimo, grotescos. Mas chega de apresentações e vamos ao que interessa.
Quem precisa de cores?
A primeira coisa que de cara vai chamar a sua atenção é o visual do game, todo em preto e branco. Nesses últimos anos, pelos mais diversos motivos, a indústria acabou comprando a ideia de que jogos coloridos são mais atrativos. Basta ver o exemplo de Angry Birds. É bom ver que elas estão aos poucos mudando essa visão, creio que Limbo tenha dado o pontapé inicial.
O jogo possui uma estética fantástica, digna dos filmes de Tim Burton. Sem falar nos outros elementos que se encaixam perfeitamente com o conjunto final. A trilha sonora, composta muitas vezes por aplausos e risadas ocas, desperta uma sensação indescritível no jogador. É impossível não entrar no clima do jogo.
O enredo gira em torno de dois personagens no melhor estilo “O gordo e o magro”. Lil é um personagem aparentemente frágil e que fica hiperativo quando toma café. Laarg, por sua vez, é extremamente gordo e abusa dessa característica para avançar nas fases, seja movendo plataformas ou quebrando partes do cenário. O seu objetivo é ajudá-los a fugir das garras do vilão Bakuki. Dessa forma, os dois têm que planejar suas fugas ao longo de 78 quartos, todos diferentes e muito bem desenhados, cada um contendo seu próprio enigma.
Poderia ter sido perfeito
Prepare-se para morrer muito no início, é preciso fazer experiências até descobrir como de fato passar de fase. Além das mortes engraçadas, que são acompanhadas por uma risada debochada, o jogo ainda tira sarro de você colocando o número de mortes estampado no peito do seu personagem. Apenas para o caso de você se esquecer.
Todos os puzzles possuem apenas um objetivo, atrapalhar o jogador a atravessar o quarto. Muitos deles podem ser resolvidos de várias formas. Em alguns momentos, você deve fazer Lil beber café para ficar mais rápido, escapando assim de ser esmagado. Em outros, é necessário controlar Laarg para que ele não seja atingido por lâminas mortais.
É nesse ponto que entra a grande sacada da produtora, que é também o seu calcanhar de Aquiles. Todos os controles são feitos através dos recursos inovadores do Vita. Ou seja, prepare-se para usar muito o touch, o giroscópio e o sensor de movimentos. Os botões físicos são usados apenas para trocar de personagem e movimentar a câmera.
Em teoria, as funções são maravilhosas. Poder controlar os personagens utilizando as inovações do Vita era tudo o que os fãs queriam. O problema é que a execução disso tudo é muito frustrante. Na maioria das vezes, o touch não responde da maneira que você quer, seja para mover o personagem ou realizar uma ação mais importante. Logo, 50% das suas mortes não serão culpa sua.
Foi realmente uma ideia brilhante usar as mecânicas do Vita. O problema é que se a programação é ruim, todo o brilhantismo vai por água abaixo. É por isso que um dos pontos mais fortes do game é também o seu pior defeito. Não me entendam mal, adorei a nova abordagem para o gênero, mas eu realmente queria que houvesse uma execução confiável. Querendo ou não, isso tira um pouco da diversão ao jogar.
Outro aspecto estranho é o sistema de pontuação do jogo. Assim como em Angry Birds, você recebe um número de estrelas de acordo com o seu desempenho. Muitos aspectos são considerados na hora da pontuação, os principais são o tempo e o número de gestos executados. Em decorrência das falhas nos controles, muitas vezes você não tem escolha a não ser tocar várias vezes na tela para executar um comando, e isso consequentemente acarreta em uma pontuação baixa. O problema desses erros é que eles acabam puxando outros. É uma penalidade injusta que deveria ser corrigida.
Tendência mais do que bem-vinda
O número de jogos indie ainda é bastante discreto no mercado. Mas, os poucos já se destacaram de forma louvável. Prova de que ótimas ideias fazem sucesso independente do nome ou mesmo de grandes recursos.
Apesar de algumas falhas grotescas, Escape Plan também é um ótimo exemplo de como jogos visualmente simples, mas carismáticos e impactantes, podem ser muito mais divertidos do que aquelas grandes produções caça níqueis. Resta saber se as expansões "Bakuki's Lair" e "The Asylum" corrigem algumas falhas nos controles e aprimoram ainda mais a jogabilidade desse game único. Fica a esperança de que mais produtoras se inspirem na Fun Bits Interactive e produzam jogos cada vez mais inovadores e exóticos.
Prós
- Originalidade
- Abusa dos recursos do Vita
- Gráficos lindos no melhor estilo Noir
- Divertido de jogar
- Viciante
Contras
- Má execução dos controles
- O jogador é penalizado por falhas nos comandos
- Sistema de pontuação confuso
Escape Plan - PlayStation Network - Nota final: 8.0
Visual: 10 | Som: 7.0 | Jogabilidade: 7.0 | Diversão: 9.0
Revisão: Catarine Aurora
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