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Análise: Earthworm Jim HD (PSN/PS3)

Na década de 90, as Tartarugas Ninjas faziam muito sucesso e influenciavam diversos jogos, inclusive Earthworm Jim , com a ideia de um perso... (por Alberto Canen em 02/08/2012, via PlayStation Blast)

Earthworm Jim HD CapaNa década de 90, as Tartarugas Ninjas faziam muito sucesso e influenciavam diversos jogos, inclusive Earthworm Jim, com a ideia de um personagem de desenho animado que fosse um animal heróico e engraçado, mas que levasse a sério os momentos de ação. Entretanto, o jogo mostrou-se muito original e diferente do que estava sendo feito naquele momento graças ao seu visual e humor satírico. Originalmente lançado para o Mega Drive, em 2 de agosto de 1994, recebeu uma versão HD para o PS3 em 2010, tendo a Gameloft como responsável por esse port. Hoje, o primeiro jogo completa 18 anos. Vamos ver o quão bem ele chegou à sua maioridade na geração atual.

A história do jogo é bem simples, apenas para dar uma direção ao game, como acontece com muitos jogos de plataforma. Jim era uma minhoca normal, até que um super traje espacial caiu do céu em cima dele. Ele ganhou um corpo e super poderes, contando com uma pistola especial e um foguete de bolso, que ele usa nas suas corridas espaciais contra o seu arquirrival Psy-Crow, que deseja o traje para si próprio. Não muito mais do que isso é mostrado de início ao nosso herói invertebrado. No mais, o jogo continua o mesmo da era 16-bits, contando ainda com a impressionante trilha sonora composta por Tommy Tallarico.

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Entre sátiras e bizarrices

What's-Her-NameO que mais chama a atenção em Earthworm Jim é o seu visual estiloso e cartunesco. O humor exagerado e satírico é bem espalhado por todo o jogo e não há um monte de piadas sendo apresentadas de uma vez ao jogador, mas sim em doses homeopáticas, como deve ser nos videogames. Esse tipo de humor só foi possível porque os produtores, comandados por David Perry, tiveram toda a liberdade para fazer piada do que bem entendessem, inclusive do manjado clichê de salvar a princesa que está em perigo: Jim deve salvar a Princesa "What's-Her-Name" (qual-o-nome-dela), um "objeto de afeição tão grande que ninguém consegue lembrar seu nome."

Existem muitas outras bizarrices e brincadeiras inesperadas que fazem o jogador se divertir bastante, mesmo que não exista uma sequência natural para elas, nem entre as fases. Jim começa num lixão, em New Junk City, e logo em seguida, sem conexão alguma, já está no inferno para lidar com um gato muito maléfico que, inclusive, precisa ser derrotado nove vezes - no Brasil os gatos têm apenas sete vidas, talvez em função da baixa expectativa de vida, vai saber(!). Existem outros inimigos ainda mais estranhos, como o Professor "Monkey-for-a-Head" (macaco-como-cabeça), cujo nome já explica bem como é a aparência desse gênio do mal. Mas nenhum outro inimigo é tão inusitado quanto a Rainha "Pulsating, Bloated, Festering, Sweaty, Pus-filled, Malformed, Slug-For-A-Butt" (Pulsante, Inchada, Apodrecida, Suada, Cheia de pus, Malformada, Lesma-como-Bunda). Sim, isso tudo é o nome dela. É impossível não rir quando se vê essas brincadeiras pela primeira vez (e até outras vezes), pois é o tipo de humor que não é facilmente encontrado em jogos de videogame, mesmo hoje em dia.

New Junk City

Inferno

A Gameloft fez um bom trabalho no port para a atual geração, mantendo todo esse visual extravagante que os fãs já estavam acostumados, apesar de o próprio David Perry não ter aprovado muito o resultado final, dizendo que existem pausas e atrasos que não foram bem colocados na nova versão e que fazem muita diferença na qualidade da animação. Entretanto, não é o tipo de observação que seja percebida com facilidade pelos jogadores nem algo que atrapalhe de alguma forma a jogatina.

“Quando tudo mais falhar, comece a atirar!”

Sendo a versão de alta definição fiel à original, também manteve os problemas, como as limitações na jogabilidade. Sendo um jogo prioritariamente de plataforma e progressão lateral, era de se esperar que Jim fosse mais preciso em seus pulos e que pudesse saltar para o alto quando usasse o seu corpo de minhoca como corda - o que seria natural - ao invés de apenas ser lançado para baixo. Da mesma forma, tentar acertar um gancho para se pendurar mostra-se uma tarefa árdua e mais complexa do que deveria pela falta de opções de um ângulo apropriado, uma vez que Jim não consegue chicotear em todas as direções. E se essa habilidade não é fácil, atirar não fica atrás, uma vez que não há um rastro de balas para acompanhar a trajetória dos tiros e também não é possível atirar enquanto corre ou no meio de um salto, algo bem comum nos jogos de plataforma modernos.

Tiros sem rastro

Outro problema está no design das fases, que demonstrou ser uma faca de dois gumes, na medida que é muito divertida e original até hoje, mas se mostra confusa em alguns momentos, nos quais o jogador sente dificuldade em saber onde pode pisar ou saltar sem se ferir e que locais são apenas parte da paisagem, deixando espaço para muita tentativa e erro, o que não é tão intuitivo como poderia ser e deixa a jogatina mais difícil e um pouco frustrante também.

Apesar desses problemas, a jogatina alterna com momentos diferentes na ação, como as corridas espaciais contra o Psy-Crow, que acontecem entre as fases do jogo. A visão deixa de ser lateral para uma por trás de Jim e o objetivo é vencer o corvo espacial, evitando asteroides e coletando itens (power orbs). Se vencer, passa para a fase seguinte; caso contrário, deverá enfrentar Psy-Crow numa luta (estilo chefe de fase). Além dessas fases de corrida, temos a de bungee jumping e outros momentos durante as fases "regulares", como quando Jim precisa pilotar uma espécie de submarino extremamente frágil por um labirinto subaquático até determinado ponto antes que o ar acabe e sem colidir muitas vezes, para não quebrar o veículo. Essa variedade na jogatina serve bem para quebrar um pouco o ritmo e manter o jogador interessado no jogo.

Andy Asteroid

Bungee Jumping

Ajudantes espaciais

A maior novidade trazida pela versão HD, além dos gráficos aprimorados, é a possibilidade de jogar cooperativamente com até quatro jogadores, tanto localmente quando online, bem ao estilo Rayman Origins (PS3). São 15 fases baseadas nas já existentes. Além disso, existem três fases-bônus inéditas para desbloquear. Essa é uma excelente adição em termos de diversão e longevidade, uma vez que a jogatina flui muito bem, mesmo com quatro jogadores dividindo a mesma tela.

Earthworm Jim Co-op

Groovy!

groovyMesmo depois de tantos anos, Earthworm Jim se mantém original e muito divertido, não apenas para os jogadores da época do Mega Drive como também para os novatos. Talvez estes sintam mais a dificuldade dos controles, mas o pessoal da velha guarda certamente vai aproveitar bastante esse clássico revigorado e incrementado. A minhoca espacial mais sem noção e inteligente do universo chegou à sua maioridade mostrando que ainda tem muito o que mostrar aos fãs. David Perry já prometeu um jogo inédito feito pela equipe original. Vamos aguardar que isso aconteça um dia. Groovy!

Prós

  • Visual bizarro, original e divertido;
  • Trilha sonora excelente, remasterizada da original criada pelo multipremiado Tommy Tallarico;
  • Multiplayer cooperativo local e online.

Contras

  • Jogabilidade falha;
  • Design confuso que atrapalha a jogatina em alguns momentos.

Earthworm Jim HD – PSN/PS3 – Nota Final: 7.5
Gráficos: 7.5 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 6.5 | Diversão: 8.0

Revisão: José Carlos Alves


é formado em Direito pela UFRN. Joga videogame desde os tempos do Atari e sempre acompanha as novidades na indústria de jogos. Está no Facebook e no Twitter.

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