Blast from the Past: Shadow of the Colossus (PS2)

No ano de 2001 uma equipe de profissionais da Sony entregou ao mercado um jogo que marcou época por uma característica bastante singular: ... (por Unknown em 26/06/2012, via PlayStation Blast)

Capa da versão americana de Shadow of the Colossus para PlayStation 2

No ano de 2001 uma equipe de profissionais da Sony entregou ao mercado um jogo que marcou época por uma característica bastante singular: a capacidade de transmitir ao jogador emoções mais profundas e bem diferentes das que sentimos em games de ação, tiro e outros mais comuns. Tendo feito considerável sucesso, Ico rapidamente virou cult, fazendo com que essa equipe, agora conhecida como Team Ico, caísse nas graças de público e crítica. Claro que não demorou muito para que os jogadores se perguntassem que novo trabalho surgiria da cabeça de Fumito Ueda e companhia.

Após um longo período de espera surge a resposta para essa pergunta na forma de Shadow of the Colossus, jogo que impressionou por seu senso de aventura, capacidade de imersão e enredo cativante, mostrando de uma maneira fascinante como as ações de um indivíduo podem trazer consequências imprevisíveis.

Por amor

Wander e Mono

Era uma noite escura e calma. Em um local montanhoso, uma águia sobrevoa um solitário e determinado viajante. Seu destemido corcel - única companhia em muito, muito tempo, durante custosas viagens por densas florestas e vastas planícies - cautelosamente se move sobre as saliências rochosas de um penhasco. Obcecado em cumprir seu objetivo, ele segue em frente e, já recebido pela luz do dia, chega a uma gigantesca ponte que conduz a um antigo templo, ao centro do que há muito era conhecido como as Terras Proibidas (Forbidden Lands).

Ao chegar no misterioso templo, o jovem se dirige a um altar e deita sobre ele uma garota que ele havia trazido consigo durante a viagem e que havia falecido. De repente, o cavalo que trouxe o casal se assusta com um estranho barulho: misteriosas criaturas de sombra e medo surgem de repente. O cavaleiro saca sua espada e a aponta para as criaturas, que se dissolvem no ar ante a energia que emana de sua lâmina. Em seguida, uma voz assustadora ecoa no salão do templo. O cavaleiro reconhece essa voz, sendo seu dono o motivo de sua longa viagem: Dormin, a entidade ancestral que havia sido aprisionado neste lugar há muito, muito tempo.

O Templo da Adoração (Temple of Worship)

Percebendo que o jovem é portador da Espada Ancestral e se dando conta de sua determinação e suas intenções, Dormin propõe um acordo ao jovem cavaleiro: destrua os dezesseis colossos que povoam as Terras Proibidas e sua amada poderá voltar à vida. Mesmo ciente de que poderá pagar um preço alto demais, o viajante não se importa, aceita a oferta de Dormin. Assim, junto com seu fiel cavalo, o viajante parte em uma épica jornada para encontrar seu primeiro alvo e assim trazer seu amor de volta dos mortos.

Próximo dali, um grupo de anciões se dirige ao templo, em uma tentativa desesperada de evitar a chegada de um grande mal.

Tudo começou com um colosso só

A equipe de Fumito Ueda iniciou o desenvolvimento de Shadow of the Colossus no ano seguinte ao lançamento de Ico, dando início ao que na época ficou conhecido como Project Nico. A ideia inicial era criar uma sequência direta para o jogo do garoto com chifres, mas durante a produção novas ideias foram surgindo. Durante a edição 2003 do evento DICE Summit, foi exibida uma demonstração técnica mostrando um grupo de garotos mascarados correndo a cavalo e abatendo um gigantesco monstro quadrúpede, que foi criado como protótipo do que seria mais tarde um dos colossos do jogo final.

Com o avanço do desenvolvimento, novas ideias para monstros foram surgindo. Após criar muitas ideias e até mesmo descartar algumas, chegou-se aos atuais 16 colossos do jogo e a várias mudanças na ideia inicial, com o jogo deixando de ser uma sequência direta de Ico, mas aparentemente ambientando-se no mesmo universo.

Com isso, o Team Ico teve a oportunidade de refinar e concretizar várias outras ideias que visavam tornar SotC único, como a sensação de solidão provocada pela total ausência de inimigos além dos 16 monstros - o que possibilitou que os programadores se concentrassem totalmente em criar padrões de comportamento únicos e convincentes para cada monstro - e a movimentação realista do Viajante (Wander) ao escalar o corpo de colossos gigantes (nem todos os monstros são enormes. Alguns deles são até bem pequenos) e sua reação aos movimentos dos mesmos.

As Terras Proibidas

A graciosa paisagem das Terras Proibidas

À primeira vista, Shadow of the Colossus possui o mesmo aspecto visual de seu predecessor espiritual, com a diferença de que dessa vez os recursos do hardware do PlayStation 2 foram melhor aproveitados (afinal o jogo agora é em DVD, não mais em CD-ROM como Ico). Os efeitos de luz e sombra foram bem melhorados e as texturas e modelos dos personagens ganharam melhor qualidade. Embora o viajante tenha praticamente a mesma movimentação estranha do protagonista de Ico - parecendo um boneco de pano quando corre ou pula - seu fiel cavalo Agro ganhou uma movimentação incrivelmente realista, galopando e trotando como se fosse um cavalo de verdade.

O vasto cenário desse jogo é um show a parte. Formado em sua maioria por extensas planícies, o terreno foi modelado de forma bastante realista e convincente, trazendo bastante variedade à medida que o jogador se distancia de seu ponto inicial - o Templo da Adoração (Temple of Worship) - para caçar os colossos. Ao adentrar o território de um colosso o cenário pode variar totalmente e o Wander visita locais como desertos, pântanos, florestas, templos e cavernas. Todos com um detalhismo de encher os olhos! A completa ausência de inimigos menores além dos colossos contribuía para o forte clima de solidão inspirado pela aventura.

Enfrentando um colosso voador

E a mesma qualidade e capricho pode ser dita dos próprios colossos! Com exceção de algumas criaturas realmente pequenas e que prezam mais pela sua astúcia, cada um dos colossos faz jus ao seu nome coletivo, sendo realmente gigantescos e ameaçadores! O Team Ico fez questão de salientar o máximo possível a diferença de tamanho entre os personagens, dando um tom épico e dramático a Shadow of the Colossus.

Explorando e combatendo

Pô, me dá uma carona aí!

Um dos mais incríveis atributos da jogabilidade obviamente foi o combate entre o jogador e os colossos. Cada um deles possuia aparência, movimentação e padrões de combate únicos, proporcionando grandiosos e formidáveis desafios ao jogador. Alguns deles precisavam ser caçados pelo Wander sozinho, enquanto outros necessitavam que o herói do jogo os perseguisse cavalgando seu valoroso e fiel cavalo Agro.

Os estilos de combate diversificados de cada colosso exigiam que traçássemos estratégias para abatê-los e a necessidade de descobrir seu(s) respectivo(s) ponto(s) fraco(s) adicionava um excelente aspecto de puzzle a cada novo desafio! Em alguns dos duelos era necessário inclusive interagir com o cenário para obter vantagem (como em um dos colossos, no qual o jogador tinha que derrubar grandes pedaços de ruinas do local para quebrar a carapaça do monstro e expor seu ponto fraco).

Vem pra porrada!

A jogabilidade também brilha no simples controle do personagem, que responde com precisão aos comandos e executa suas ações com eficiência. Especialmente na hora de mirar com o arco-e-flecha, o controle da mira com o analógico é bastante confortável, seja com o Wander a pé ou sobre o lombo de Agro. Entretanto o que realmente impressiona é o realismo da movimentação de Agro enquanto cavalgamos! A destemida montaria de Wander reage às situações como se fosse um animal da vida real, nem sempre obedecendo nossas ordens e tendo dificuldades para cavalgar dependendo do terreno. Mesmo assim andar à cavalo em Shadow of the Colossus é uma experiência muito agradável e divertida e não será raro o jogador passar horas cavalgando sem rumo apenas para apreciar a bela paisagem.

O viajante solitário

Todos os colossi do jogo!

Mais uma vez o Team Ico acerta em cheio e repete o sucesso de Ico, tornando-se ainda mais conhecida e deixando mais um belíssimo game na lista de clássicos instantâneos de muitos jogadores. Shadow of the Colossus é um game memorável que emocionou de forma ainda mais profunda até mesmo o mais coração-de-pedra dos fãs do console da Sony.

Shadow of the Colossus foi relançado com gráficos em alta resolução como parte do pacote The Ico and Shadow of the Colossus Collection para PS3 que, como o nome indica, também acompanha o primeiro game do Team Ico. Se você nunca jogou esse grande sucesso do PS2, esta é a sua chance!

Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

Google
Disqus
Facebook