O incompreendido Sonic the Werehog
Como um amante de videogame como um todo, e não apenas um Sonicboy, eu amei o fato de poder experimentar uma jogabilidade diferente, dentro de um mundo que eu amo. Elementos de RPG, combate com direito a combos e upgrades, plataformas e exploração no estilo Tomb Raider e puzzles para alcançar novas habilidades estão espalhados por todo o jogo. Por que isso não pode ser visto como um elemento de adição?
“Ah, eu não gostei dessa coisa dele se transformar em monstro”. Tudo bem, todos temos direito a não gostar de algo. Porém, ao ver o trailer de lançamento do jogo, juntamente com a proposta dele, já sabia que iria encontrar fases à noite que me proporcionariam muita plataforma, combate e pouca velocidade. E eu estava querendo muito ter aquela experiência. Se não gostou disso, por que comprou o jogo então? O “monstro” está não somente na capa no nome “Unleashed”. Dizer que ele é ruim por conter esse aspecto é, no mínimo, paradoxal.
Falha técnica é outra coisa. Durante o gameplay das fases noturnas, a câmera não ajuda em alguns momentos. Em algumas sessões, é difícil prever onde o Werehog irá cair, fazendo com que você apele para física e noção espacial. Com certeza, uma mudança de ângulo poderia fazer o jogo ficar ainda melhor. Os combates podem se tornar repetitivos, mas devido à dificuldade dos mesmos, eles se tornam interessantes. Por muitas vezes, o jogo lhe obriga a pensar em estratégias de como derrotar os inimigos em menos tempo ou com menos dano. Desafios que estão longe de serem fáceis.
O injustiçado Sonic em Mach Speed
O nome Sonic, como sabemos, faz referência à velocidade do som. Respondam-me em que jogo 2D podemos evidenciar esse fato? Bem, com certeza ele era mais rápido que os personagens de outros títulos, mas nada que atingisse velocidades impossíveis de se acompanhar com os olhos. Sonic Unleashed traz exatamente essa sensação de quebrar a barreira do som para atingir velocidades mach. Quem consegue controlar algo assim tão veloz?
Assim como nos primeiros jogos, é possível fazer caminhos diferentes, uns mais rápidos que outros; alguns mais difíceis, e assim por diante. O interessante é que nesse jogo o mais difícil é o que te exige mais velocidade. Por muitas vezes, desacelerar não é uma opção, e por outras, atingir a machspeed é suicídio. Em algumas fases da era 2D, correr inadvertidamente era também um risco alto. O jogador precisava conhecer bem o jogo antes de fazer isso. Sonic Unleashed apenas leva isso ao extremo.
Conheço mais de dez pessoas que compraram o jogo e desistiram em menos de duas semanas. Eu perguntei o motivo da desistência e tudo que eu ouvia era: “é rápido demais”, “é impossível passar das fases com tanta velocidade”, “os momentos de plataforma são impossíveis”, “é frustrante de tão difícil”. Admito que Sonic Unleashed não seja pra qualquer um, mas dizer que é um jogo ruim por isso? Bem, quem não aguenta que jogue Mario.
Alguns críticos afirmam que o botão de pulo por muitas vezes não responde imediatamente. Na verdade, os aclamados amigos não perceberam que a física do jogo durante as corridas está superior ao que antes era visto. Devido à extrema velocidade de Sonic, o pulo deve ser dado com maior antecedência ao obstáculo. Pouquíssimos jogos até hoje fazem isso. A SEGA recebeu tantas críticas quanto a isso que, ao fazer Sonic 4, retirou completamente a inércia dos movimentos do porco-espinho. Ficou ridículo. Um verdadeiro jogador de Sonic leva um bom tempo pra se acostumar com a falta de momentum. Um bom jogador de Need for Speed entende bem o que eu estou dizendo.
Explorando os confins do mundo
Muitos acharam essa parte desnecessária. Bem, assim como platinei Unleashed para PlayStation 3, eu completei o jogo na versão para Wii, onde não há a exploração de cenários, e realmente não senti falta dela. Mas o Wii possui a exploração dos templos de Gaia, cheios de puzzles interessantes, que realmente fazem falta no PS3. Por outro lado, conhecer cada cidade e buscar por medalhas escondidas fazem a experiência valer a pena. É cansativo sim, porque são muitos continentes e muitas missões extras, mas isso fica apenas para os exploradores que querem fazer tudo. E quem quer fazer tudo, gosta dessa sensação. É ou não é?
A batalha entre o dia e a noite
Sério, quem foi o ser de inteligência superior que transformou isso numa batalha? Tenho certeza que quando o Team Sonic pensou em Unleashed eles criaram a ideia de adição, e não de contradição. É necessário jogar à noite para liberar estágios de dia, e vice-versa. Qual é o problema disso?
Sim, os estágios em que o Sol domina são bem menos frequentes do que os regidos pela Lua. Porém, o pacote de downloads na PSN traz estágios de dia super divertidos e alguns ainda mais difíceis do que os já existentes. É como se jogássemos um Sonic Unleashed Reloaded, uma versão mais punk do jogo. Eu possuo o conteúdo online completo do título e não me arrependo de ter gasto esses dólares adicionais, pelo contrário.
DLC de Sonic Unleashed–Mais fases durante o dia.
E então, evolução ou fiasco?
Com certeza, a evolução dos estágios de dia veio para ficar. Sonic Colors e Sonic Generations continuam com a fórmula de sucesso vista pela primeira vez em Unleashed. O aspecto RPG, apesar de criticado, continua firme e forte (ainda bem), assim como a inércia em jogos 3D. Espero que Sonic 4: Episode II volte a apresentar isso.
Infelizmente, a inovação trazida pelo Werehog foi deixada de lado. Realmente gostaria de ter um jogo em que Sonic pudesse explorar ambientes no estilo Zelda, Metroid, Crash Bandicoot e outros. Tenho certeza que depois da recepção de Unleashed, a SEGA não pensa em fazer nem spin-offs do tipo.
Sonic Unleashed é um jogo excelente que mistura elementos de vários tipos de games e te dá um longo tempo de diversão. É difícil, desafiador e não é para o jogador casual. Ele vai muito além. Se você quer os clássicos novamente, jogue-os. Sonic Generations está aí com esse aspecto. Sonic Ultimate Genesis Collection tem os títulos para Mega Drive, Sonic CD está disponível na PSN, assim como Sonic 4. Sonic Unleashed não é pra você, jogador clássico, mas não significa que é um jogo ruim.
É impressionante o que fãs podem fazer com aquilo que idolatram. Não faltam ouvintes para funk nem espectadores para a saga Crepúsculo, e isso só cresce. Pânico 4 não foi bem recebido nos Estados Unidos e a produção de Pânico 5 foi cancelada. A dificuldade e a duração de Unleashed foi criticada e recebemos Generations, um jogo fácil e curtíssimo.
Rapidez, beleza, trilha sonora fantástica, dificuldade recompensadora, inovação, maneiras novas de se jogar e uma história interessante. Isso foi o que Sonic Unleashed trouxe e renomados críticos e denominados fãs não gostaram. “Queremos mais do mesmo”, em outras palavras. Eu temo que o futuro da indústria de videogames caia nessa mesmice pelo excesso de fãs sem senso crítico e de mente fechada. E digo isso para qualquer franquia.
Revisão: Rafael Becker
Curiosamente, estou encarando esse jogo nos dias de hoje. Até avancei bastante no jogo, acho que dá pra dar uma opinião.
ResponderExcluirAliás, gostei bastante do seu texto, para mim ficou bastante coeso e expressou bem seu ponto de vista.
A princípio, concordo com o que vc disse sobre a existência do Werehog. De fato, pq não pode existir um Sonic "sombrio" se pode existir o Super Sonic? Gostei do raciocínio. É muito mimimi por parte de algumas pessoas. Eu mesmo ignorei o jogo por um longo período, justamente por conta desse mimimi todo. Pura idiotice da minha parte, resolvi ignorar o que as pessoas diziam e tô encarando o jogo.
Culpar a SEGA pelas falhas técnicas é justo, elas realmente existem.
O desafio dos combates noturnos e de medir bem a velocidade nas fases diúrnas são coisas que pra mim são muito divertidas. Eu estranhei um pouco no começo, achei muito rápido de fato, mas com o tempo acostumei. A sensação de velocidade pra mim foi alta demais pelo fato de ter jogado o Generations primeiro. Aliás, foi ele que despertou minha curiosidade com o jogo, eu adorei a Rooftop Run (em ambos os jogos).
O que mata é que não adianta o que a SEGA lança do Sonic, os fãs reclamam. Desde que acabou a fase de 8 e 16 bits, muitos jogam o jogo procurando defeitos pra descer a lenha depois. Generations vc mesmo disse que é fácil e curto, e isso é um fato. Mas vc não fez como muitos por aí, que disse que o jogo é uma porcaria por causa destes detalhes (ou de pelo menos um deles). Pra mim ficou um gosto de "quero mais".
Eu me incomodo um pouco com o lance de procurar as medals, especialmente fora das fases. E com o fato de ter que conversar. Não que isso estrague o jogo, mas eu preferia se não existisse. Ao mesmo tempo, é legal que tenha toda a história, eu pelo menos até o momento estou curtindo (restaurei 4 partes do planeta até agora). Um pouco paradoxal, mas tudo bem.
Não sabia dos DLC, como estou jogando no PS3, talvez eu dê uma olhada.
Bom, desculpe pelo tamanho do comentário, estamos falando de uma franquia da qual sou muito fã e não entendo pq muitos que se dizem fã ficam tão histéricos quando um jogo do ouriço é lançado. Por isso gostei do seu texto, vc identificou pontos fortes e fracos do jogo, sem mimimi. E por ter gostado, acabei falando demais. Mas blz... hahaha!
Adorei seu comentário! com certeza, generations me deixou com um gosto de quero mais, mas infelizmente nada à vista por DLC. Até mesmo as fases noturnas em DLC de Unleahsed são divertidas. O act diurno extra de Empire City está fantástico. Eu gostei muito do fato de achar as medalhas, e sem nenhum guia! à medida que você compra bugigangas e leva ao professor Pickle, ele te dá umas dicas de onde achar mais medalhas, e isso vai facilitando o árduo trabalho. Comente sempre, será bem recebido :D
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