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Discussão - Games: "brinquedos" ou mídia cultural?

Um garoto em uma loja de games pergunta ao pai se pode levar uma cópia do FIFA 12 para PS3. A resposta? "Você já tem um jogo de futeb... (por Washington Magalhães em 30/05/2012, via PlayStation Blast)

Um garoto em uma loja de games pergunta ao pai se pode levar uma cópia do FIFA 12 para PS3. A resposta? "Você já tem um jogo de futebol". - "Mas pai, aquele é da Copa do Mundo de 2002". O pai: - "Você já quis comprar outro videogame e agora quer outro jogo de futebol?". Se parte das pessoas não consegue entender a "simples" diferença entre um jogo de futebol com 10 anos de idade e um lançamento ou entre hardwares da geração passada e da atual, quando verão nossos games e consoles não somente como "brinquedos" ou diversão, mas como uma nova mídia tão importante culturalmente quanto a TV, o rádio, o cinema ou o livro?

Desconfiando do desconhecido


Claro que o diálogo descrito acima pode envolver vários fatores desde questões sociais e financeiras até, de fato, o desconhecimento das pessoas sobre o tema. Mas não se pode negar que demorará mais algumas décadas até que todas as gerações vivas tenham nascido em um ambiente onde jogos eletrônicos são comercializados. Pode parecer que esta informação não tenha muito a ver com o que estamos discutindo, mas mostra o quão jovem e "precoce" é o mercado de jogos eletrônicos. Digo "precoce" porque estamos falando de uma indústria balzaquiana que, ano após ano, tem atingido números melhores que a "experiente" e estabelecida indústria cinematográfica. 

Essa tal "juventude" desse ramo industrial e artístico acarreta, consequentemente, certo desconhecimento para aqueles que não consomem e não conseguem entender  ou acompanhar toda a evolução e revolução vivenciada no mercado de games durante seus trinta e poucos anos de existência. Com o desconhecimento, vem também o preconceito. Quem aqui nunca escutou perguntas como "você ainda 'brinca' de videogame?" ou "mas você já está querendo comprar outro videogame?". As perguntas podem variar, mas o sentido, as intenções, não diferem muito disto. Além desse tipo de preconceito existe uma certa birra por parte dos críticos e estudiosos. Sérgio Nesteriuk, doutor em Comunicação e Semiótica e professor da PUC-SP é uma das exceções e fala sobre isso em seu "Tutorial: a cultura dos games, esta ilustre desconhecida". Segundo o autor "ainda hoje, muito tempo se perde com reportagens, artigos científicos e debates que simplificam sua(dos jogos) importância e suas potencialidades, apontando-os como vilões sociais que induzem à banalização da violência e à utilização do tempo de forma improdutiva".


Já vimos isso antes


Obviamente, a discussão em torno do impacto que uma nova mídia pode causar em quaisquer aspectos, sejam eles físicos, mentais ou culturais, é sempre válida. No entanto, "desconhecimento" e "preconceito" devem ser medidos para evitarmos superlativar os impactos, tanto positivos quanto negativos. Para discutirmos melhor isto, vou lançar mão de três exemplos extremistas usados por Tom Chatfield no livro Fun Inc. - Why Games are 21st Century's Most Serious Business (em tradução livre: Fun Inc. - Por que os Games São o Negócio Mais Sério do Século XXI). Peço a você, leitor, que compare e contraste as duras críticas a seguir:
É dado aos seus adeptos não a verdade, mas apenas algo que se parece a verdade; eles serão ouvintes de muitas coisas e não aprenderão nada; eles parecerão oniscientes e geralmente não saberão nada.
É um passatempo de iletrados, miseráveis criaturas que estão fatigados pelo dia de trabalho, uma máquina de estupidez e discórdia.  Não requer nenhum esforço, não levanta nenhuma ideia, não levanta questionamentos...
Eles se tornam lagartos piscando, imóveis, absortos, só o movimento de suas mãos mostram que eles ainda estão conscientes. Não lhes ensina nada, não estimula nenhum raciocínio, nenhuma descoberta ou algo que force a memória.
Como mencionei anteriormente, acho válido o tipo de discussão sobre os impactos causados por novas mídias. Todo produto cultural precisa passar por um período mais conturbado para se firmar como tal - ou receber a alcunha de "modinha". Talvez os games estejam passando por este processo que todas as mídias culturais passaram. Duvidam? Voltando às três críticas citadas logo acima, os autores das mesmas estão separados por mais de 2000 anos. A primeira vem da Grécia antiga e foi escrita por Platão em seu Plato's Phaedrus, no qual o personagem Sócrates debate sobre como a "palavra escrita" é perigosamente inferior ao debate falado. A segunda crítica foi publicada em 1930 pelo autor francês Georges Duhamel, que argumentava em seu Scenes from the Life of the Future (Cenas da Vida do Futuro, em tradução livre) sobre os males da "nova indústria dos filmes". Somente a terceira e última é direcionada aos games e foi publicada pelo atual prefeito de Londres, Boris Johnson, em dezembro de 2006, na coluna que escrevia para o jornal Daily Telegraph - e, ao que me parece, além de nunca ter jogado nada parecido com um videogame, o prefeito também não tinha nenhum assessor para avisá-lo que o Wii já havia sido lançado e que este era controlado por movimentos.


"... só aos poucos é que o escuro ia ficando claro"


Concluo compartilhando da mesma opinião de Nesteriuk. Assim como "as grandes artes e as demais manifestações culturais possuem suas obras fundamentais e são vistas por muitos críticos e pesquisadores de maneira valorativa, acredito que os games estejam cada vez mais próximo de sua maturidade e de um futuro promissor". Resta saber se os novos críticos e pesquisadores vão, de fato, jogar este jogo.
E você, leitor? Já teve que convencer alguém de que não está velho demais para "brincar" de videogame? Concorda com o que foi dito? Para você, games são "brinquedo" ou entrentenimento cultural? Comente!
Revisão: Samuel Coelho




Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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  1. A Falta de Comunicação dos Criticos Com a Pratica dos Jogos, os torna Ignorantes, Minha Mae Algumas Vezes Me Chamava de Idiota, Por que Chorei Ao Jogar Shadow of the Colossus, ao ver no final a possivel Morte do cavalo Agro, eles não veem que há uma historia, que conta a vida dos personagens, e que se tiver a devida atenção irão lhes causar emoções, Podemos Citar as Historias de Hideo Kojima, e suas Teorias de conspiraçao, ou então as de Resident Evil. Falta da Parte dos Criticos, a Ideia de que não são zumbis em frente a televisão, mas sim pessoas interagindo com historias, que se passam na tela dos games, ninguem contesta o Alienado que ve Todas as Ediçoes de um telejornal, então não cabe esse preconceito a nossa pessoa.

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