Blast from the Past

Blast from the Past: Silent Hill 2 (PS2)

À primeira vista, Silent Hill 2 pode parecer apenas um Silent Hill 1 melhorado, afinal, temos ali grande parte dos cenários que apareceram ... (por Unknown em 05/04/2012, via PlayStation Blast)

SH06À primeira vista, Silent Hill 2 pode parecer apenas um Silent Hill 1 melhorado, afinal, temos ali grande parte dos cenários que apareceram no primeiro jogo e o protagonista James Suderland utiliza uma roupa muito parecida com a de Harry Mason, o heroi do primeiro game. Felizmente, essa impressão se desfaz completamente com alguns minutos de jogo, quando percebemos que Silent Hill 2 é o que mais apela para o terror psicológico com maestria. Com uma história densa e extremamente adulta, ele é, de longe, o melhor da série e apresenta momentos que ficam marcados na memória do jogador.
Atenção: esta matéria contém spoilers de Silent Hill 2. Se você ainda não jogou, leia por sua conta e risco.

Mensagem do além


O jogo tem início quando James recebe uma mensagem de sua esposa, Mary, pedindo que ele vá encontrá-la no “lugar especial” dos dois: um hotel na cidade de Silent Hill, onde costumavam passar as férias. O problema é que ela morreu há três anos, vítima de uma doença incurável. Porém, isso não impede James de ir correndo para a cidade maldita. Chegando ao local, ele percebe que está tudo diferente, com a cidade abandonada e uma estranha névoa cobrindo todo o local.

Neste segundo jogo fica bem claro que a verdadeira protagonista da série é a própria cidade de Silent Hill. Ao contrário do primeiro game, em SH2 existe uma sociedade secreta perturbando o jogador o tempo todo com planos maléficos. Aqui, como descobrimos no decorrer da história, o único que pode fazer mal a James Suderland é o próprio James. A grande sacada da Konami nessa continuação foi transformar Silent Hill em um lugar de punição para as pessoas que se sentem culpadas por algo que fizeram.

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Pagando os pecados


Para entender porque considero Silent Hill 2 o melhor da série, é necessário falar de uma revelação que é feita apenas no final do jogo. Após comer o pão que o diabo amassou para encontrar a esposa, James descobre que ela realmente está morta e, pior de tudo, foi ele quem a matou e não se lembrava disso. O encontro entre os dois é emocionante, com Mary dizendo que ela não aguentava mais sofrer e que ele fez o certo ao acabar com seu sofrimento. Não vou entrar em muitos detalhes aqui para guardar algumas surpresas para quem ainda não jogou, mas basta saber que James faz algumas revelações surpreendentes.

Quando essa revelação é feita, a vontade que se tem é de jogar Silent Hill 2 desde o começo de novo porque é aí que ele faz muito mais sentido. Como comentei lá no início, este é o game que mais apela para o psicológico do personagem, com a maioria das criaturas representando a culpa que James carrega consigo. Uma delas, por exemplo, é formada apenas por dois pares de pernas femininos, representando o desejo sexual do protagonista, assim como as enfermeiras que aparecem com vestidos bem curtos. O Pyramid Head, que surge para punir os pecadores, aparece pela primeira vez violentando uma das criaturas. Definitivamente, não é um jogo para crianças.

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Os personagens secundários também ajudam a mostrar que a cidade é uma espécia de entidade que castiga os pecadores. Durante a estadia em Silent Hill, James conhece Laura, uma menina que nunca vê os monstros dos quais ele tanto foge, provavelmente por ainda ser uma criança inocente. Além disso, ele também conhece Maria que, além de ter um nome parecido com de sua falecida esposa, também possui uma aparência semelhante, mas com roupas e um jeito mais provocante. Porém, os personagens mais interessantes são Angela Orosco e Eddie Dombrowski, duas pessoas que, assim como James, se sentem culpados por algo e agora estão presas naquele terrível pesadelo.

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Os vários destinos de James


Assim como no primeiro jogo, Silent Hill 2 possui diversos finais diferentes, dependendo das atitudes do jogador durante a campanha. O interessante aqui é que não são grandes atitudes que influenciam o final do jogo, como encontrar determinados itens, por exemplo. Como tudo que acontece na cidade tem a ver com os sentimentos de James, os finais dependem de pequenas coisas. Se o jogador ficar muito tempo olhando a foto de Mary no inventário do jogo, o protagonista não aguenta a culpa pela morte da esposa e acaba se matando ao final.

Caso o jogador fique muito tempo com a personagem Maria e a proteja de qualquer coisa, James vai embora de Silent Hill junto com ela. Porém está destinado a sofrer novamente, pois ela começa a passar mal como uma indicação de que também está doente, assim como Mary. O final considerado bom é aquele em que Mary perdoa James e, após enfrentar o monstro final, ele recebe a carta completa da falecida esposa.

Eu sempre costumo considerar o pior final como sendo o oficial, afinal, não tem como alguém sair bem de Silent Hill, e o quarto jogo da série parece confirmar isso. Nele existem pistas de que realmente James Suderland e sua esposa Mary jamais retornaram da cidade maldita.

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Melhor que muito filme de terror por aí


Como jogo de ação e exploração, Silent Hill 2 mantém os mesmos esquemas do primeiro jogo e é o mais fácil da série, mas isso é o que menos importa aqui. O importante é a história perturbadora, poucas vezes vista em um jogo de videogame, e os personagens interessantes que o jogador encontra ao longo do caminho. Definitivamente, é um clássico que deve ser jogado por todos os fãs de uma boa história de horror.

Revisão: Leandro Freire

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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