Perfil

Perfil: Albert Wesker (Resident Evil)

No clássico“ A Divina Comédia ”, do italiano Dante Alighieri, aprendemos que os tormentos do Inferno são divididos em nove círculos. ... (por G. Sarco em 11/03/2012, via PlayStation Blast)

No clássico“A Divina Comédia”, do italiano Dante Alighieri, aprendemos que os tormentos do Inferno são divididos em nove círculos. O nono e último deles é reservado aos traidores – e Albert Wesker, o antagonista principal da série Resident Evil, teria um lugar de destaque neste lugar. Em sua busca de poder absoluto, Wesker esfaqueou pelas costas aliados e opositores, tudo para alcançar sua visão de um mundo de humanos com superpoderes e liderados por um único “deus”: obviamente, ele mesmo.
Impiedoso, implacável, mortífero, frio, calculista – o rosário de "elogios" colocou Wesker merecidamente no panteão dos vilões inesquecíveis do mundo dos games, sendo sempre lembrado nas listas de antagonistas memoráveis dos jogadores e também das publicações especializadas – é o terceiro numa lista de 2006 da conceituada IGN. Vamos relembrar sua carreira em um rastro de sangue e traições.
ATENÇÃO: Este perfil contém spoilers de todos os jogos da série Resident Evil. Leia com cuidado caso não tenha jogado ainda.
 

Origens e juventude

 
Albert foi a décima terceira (olha como já começa bem) criança raptada para o Projeto Wesker, concebido por Ozwell E. Spencer, fundador da Umbrella Corporation. O mesmo consistia em criar uma raça superior de seres humanos, todos filhos de pais extremamente inteligentes e tratados geneticamente com o vírus Progenitor para atingir tal fim. Da leva de sobreviventes, Albert foi o que mais demonstrou potencial e atraiu a atenção pessoal de Spencer.
 
O jovem Wesker cresceu então determinado a ser empregado, claro, da Umbrella. Em determinado ponto da adolescência, passou a usar óculos escuros regularmente, de modo a ocultar melhor suas expressões faciais e esconder melhor suas intenções e emoções – tal característica viria a se tornar uma assinatura pessoal do personagem.
 
Em 1977,passou a estudar no Centro de Pesquisas da Umbrella, onde conheceu William Birkin. Ambos passaram a ser protegidos por James Marcus, e no ano seguinte foram aceitos na Divisão de Treinamento de Administração. No mesmo 1978, esta foi fechada e o trio foi transferido para o Laboratório de Pesquisas de Arklay, nos arredores de Raccoon City. Lá, trabalharam por 13 anos na pesquisa do vírus-T, culminando na criação do monstruoso Tyrant em 1988.
 
Aí começa sua carreira criminosa: ele recebe a ordem de assassinar, junto a Birkin, seu mentor James Marcus e roubar toda a pesquisa para si mesmos. Este fato, associado à criação do vírus-G de Birkin através da mutação de Lisa Trevor, levou Wesker a perder a confiança em sua equipe e ser transferido para o Comitê de Inteligência da Umbrella em 1991. 5 anos depois, Wesker entrou para a divisão policial de elite S.T.A.R.S. em Raccoon City, atuando como seu líder e capitão. Em 1998, Wesker envia sua equipe para as montanhas Arklay, para investigar mortes supostamente atribuídas a um culto misterioso.
 
 

Resident Evil: o início

 
Trabalhando como um agente duplo, Wesker repassava toda informação que recebia na S.T.A.R.S. para a Umbrella. A população local passou a conviver com o medo de um suposto culto canibal nas montanhas Arkley, com várias mortes violentas. Para investigar o que estava ocorrendo, a divisão de elite policial é enviada por Wesker à região – ao menos, essa é a história oficial… a realidade é mais uma traição de Wesker a seus companheiros: a equipe é enviada como um teste de fogo para as armas biológicas (B.O.W.) desenvolvidas pela Umbrella.
 
Neste ínterim, Wesker e Birkin participaram do Projeto Retomada, que consistia em invadir o Centro de Pesquisas da Umbrella abandonado e se apossar dos dados das armas biológicas lá presentes. No fim da missão, Wesker recebe um vírus experimental de Birkin e decide abandonar de vez a Umbrella, disposto a seguir sua própria agenda de interesses. A primeira decisão: enviar a divisão S.T.A.R.S. para “investigar” a supostamente abandonada mansão Spencer.


A missão é um fracasso para a S.T.A.R.S., tendo agentes mortos logo no início da ação. Os sobreviventes ao ataque dos dobermanns-zumbi na floresta fogem para a mansão, um avançado centro de pesquisas cuja fachada era a de refúgio de férias, agora desativado, para altos executivos da Umbrella. Chegando lá, percebem que não era bem assim.
 
Na mansão, Wesker afasta-se de sua equipe e injeta o vírus recebido por Birkin no passado. Lá, fica surpreso com a resiliência do S.T.A.R.S. contra os BOWs, e força Barry Burton a operar para si (tendo a família do mesmo raptada e ameaçada de morte caso não colabore). O plano se desenvolve relativamente bem até que o capitão Enrico Marini descobre documentos evidenciando os planos de Wesker e sua ligação à Umbrella.
 
Confrontado pela equipe, desmascarado e em desvantagem numérica, Wesker decide sacar um às da manga: libera o Tyrant contra o time S.T.A.R.S., mas o que a criatura possui de poder é proporcional à sua incapacidade de controle: o monstro acaba matando Wesker e parte para atacar o resto dos militares. A morte de Wesker, no entanto, tem um verdadeiro efeito fênix, a mitológica ave que morre e renasce de suas cinzas: o vírus de Birkin faz Wesker voltar da morte mais forte, ágil e com poder de regeneração – porém, sua humanidade (ou o que restou dela) é perdida de forma irreversível.
 
 
A equipe S.T.A.R.S. acaba vencendo o Tyrant e acredita que Wesker foi morto pelo BOW – com a auto-destruição da mansão Spencer, é o cenário perfeito para o vilão sumir do mapa e atuar na clandestinidade. Com seus novos poderes, Wesker vence facilmente os obstáculos em sua fuga e consegue escapar antes do cenário ser destruído. Ele tem novos planos para a humanidade.
 

A filiação com a “Organização

 
Com os dados de combate e armas biológicas adquiridos na mansão, Wesker une-se então a uma opositora da Umbrella, a chamada “Terceira Organização”, ou “A Agência”, operando no alto escalão. Em investigações sobre a Umbrella, acaba descobrindo a existência do vírus-G e contrata Ada Wong para adentrar uma Raccoon City infestada por uma epidemia do vírus-T e roubar a última amostra deste com a filha de seu antigo parceiro, Sherry Birkin.
 
A busca de mais produtos da Umbrella leva ainda Wesker a buscar uma variação do vírus-T, chamada T-Veronica, desenvolvida por Alexia Ashford na remota ilha Rockfort. A operação, uma ataque em massa da “Organização” com a milícia H.C.F., é um sucesso – o novo vírus é lançado durante o confronto com as forças da Umbrella e a localidade é infestada. No entanto, Alexia consegue fugir para o Centro de Pesquisas da Antártica, também infectado pelo vírus-T.
 

Wesker persegue seu alvo, e lá reencontra seu antigo subordinado: a agente da S.T.A.R.S. Chris Redfield, em busca de sua irmã Claire, que fica então a par sobre o que realmente ocorreu no incidente da mansão Spencer. Wesker usa seus poderes para atacar Alexia, no entanto esta combate fogo com fogo: usando sua própria variação do vírus T-Veronica, derrotando o vilão. Incessante em sua busca, Wesker ainda consegue finalmente sua amostra do novo vírus no corpo de Steve Burnside.
 
Enquanto isso, Chris aciona o mecanismo de auto-destruição da ilha (já não passamos por isso antes?) e, na fuga, é obrigado a encarar Wesker novamente – agora para salvar sua irmã. O herói está em clara desvantagem enfrentando as habilidades super-humanas de Wesker, mas acaba escapando em um golpe de sorte, com a iminência da destruição da ilha. Furioso, Albert Wesker jura vingança.
 

A Europa como mapa

 
Em 2003, após os dados recuperados com sucesso em sua incursão à base russa da Umbrella (onde Chris e Jill Valentine enfrentaram o colossal tyrant T-A.L.O.S., enquanto Wesker encarava Sergei Vladimir e seus dois guarda-costas Ivan – uma variação mais inteligente dos tyrants), Wesker tem sucesso em uma de suas principais prioridades: a destruição da Umbrella. Os dados retirados da inteligência artifical Red Queen foram o suficiente para as autoridades acabarem legalmente com a multinacional farmacêutica e iniciarem uma busca internacional ao seu fundador, Oswell E. Spencer.
 
Mas claro que o vilão queria mais. Com todos os dados de pesquisa adquiridos da Umbrella, Wesker une forças a outra multinacional farmacêutica, a TriCell (operando com o codinome “S”). Esta nova união agora volta seus olhos para a Europa, após a descoberta do parasita Las Plagas pelo cultista Osmund Saddler. Wesker envia,então, sua velha conhecida Ada Wong e o mercenário Jack Krauser em uma missão de busca e apreensão do parasita que causa controle mental de seus infectados – uma refinação, se comparada aos vírus da Umbrella que simplesmente transformava os hospedeiros em zumbis acéfalos.
 
 
Mas em uma reviravolta, com Wesker provando do seu próprio amargo remédio da traição, Ada repassa a seu contratante uma amostra inferior do Los Plagas, enquanto o original é fornecido a seu empregador, a quem continua a prestar fidelidade: a“Organização”. Claro que Albert não fica para trás, adquirindo uma amostra real do parasita no corpo mutado de Jack Krauser, então derrotado em combate por Leon S. Kennedy e Ada Wong.
 

Criatura versus criador

 
Albert Wesker passou a dedicar boa parte de seu tempo e fortuna acumulada para, então, encontrar o refugiado fundador da Umbrella e, em última análise, seu criador: Oswell E. Spencer. Acreditando que ele possuía outros motivos para a criação dos BOWs, Wesker acaba por finalmente encontrar seu criador no castelo de Spencer na Europa.
 
Após eliminar os guarda-costas de Spencer, Wesker encara o patriarca e é surpreendido ao tomar conhecimento de que seu ataque não era exatamente uma surpresa, ou melhor: já esperado com boa antecedência. Spencer revela a Albert toda a história de sua criação sob o Projeto W, com o intuito final dos escolhidos em voltar a Spencer e se submeterem a ele como seu mestre. No entanto, Albert era o único sobrevivente do experimento.
 
 
Wesker então percebe que a única coisa em seu caminho a ponto de se tornar um “deus” desta nova raça de super-humanos é o próprio Spencer. Ele não hesita: mata o idoso com um soco no peito e, imediatamente após, o cenário é invadido por seu velho inimigo Chris Redfield e sua parceira Jill.
 
O embate fatídico segue e, mais uma vez, Chris e Jill não são páreos para os poderes sobre-humanos de Wesker. Em um ataque derradeiro, Jill ataca Wesker se jogando contra o mesmo, os dois despencam em um penhasco e Chris acredita que acabou aqui o confronto. Longe disso: ambos sobrevivem e pior, Wesker passa a usar Jill em experimentos com o vírus Progenitor P30.
 

Confronto final na África

 
Wesker então junta novamente forças com Excella Gionne, executiva principal da TriCell, e passa a investir no desenvolvimento de BOWs. A planta da finada Umbrella na África é reaberta pela nova empresa, e começa a pesquisa do vírus Progenitor. A pesquisa resulta na forma definitiva de vírus como arma biológica: Uroboros, que possui a capacidade de aniquilar toda a vida no planeta, exceto a dos poucos que utilizariam este vírus como uma nova evolução da raça humana.


No entanto, o Uroboros era nocivo demais a qualquer hospedeiro, matando 100% dos experimentos. A solução surpreendente veio no corpo da aprisionada Jill: a heroína foi tão exposta ao vírus-T em suas incursões a Raccoon City que passou a desenvolver anticorpos para o vírus. Com estes novos dados e experimentos, começou a ser desenvolvido uma espécie viável de Uroboros através do vírus Progenitor. O vírus seria ultimamente desenvolvido na África paralelo a uma epidemia de parasitas Plaga 2 e 3, derivados do original europeu. O plano era lançar o Uroboros na atmosfera terrestre via mísseis balísticos, através de seu bombardeiro invisível a radares.
 
Chris Redfield e sua nova parceira, a agente Sheva Alomar da B.S.A.A., agem então em mais um continente, investigando as atividades da TriCell e com a convicção de que Jill Valentine ainda vive. Eventualmente descobrem a base de Wesker, e enfrentam o vilão e sua aliada, uma Jill Valentine transformada em aliada através da terapia viral. Na luta que se segue, conseguem livrar Jill do controle de Wesker, que foge – não sem antes se voltar a Excella e transformá-la em um BOW monstruoso. A essa altura do campeonato, já perdi a conta das traições de Wesker!
 
Os heróis tomam conhecimento, através de Jill, de que o poder de Wesker é mantido sob controle através da injeção controlada do soro PG67A/W. O calcanhar de Aquiles do vilão é revelado: se sofrer uma overdose deste, o vírus que lhe confere superpoderes é desestabilizado e Wesker seria enfraquecido a ponto de voltar a ser um humano comum. Eles partem atrás de Wesker e o enfrentam no local de lançamento do bombardeiro.
 
O plano dá certo: conseguem injetar Wesker com o soro durante um combate árduo. Enfraquecido, porém não derrotado, Wesker consegue fugir e decolar para executar a parte derradeira de seu plano de extermínio global. A dupla consegue adentrar o jato e, após uma luta dramática, conseguem derrubar o mesmo na borda de um vulcão e sobrevivem à queda miraculosamente.
 
Aí temos o confronto derradeiro de Albert Wesker e seu maior antagonista. Com seus poderes originais anulados, o vilão entra em contato com o Uroboros de um dos mísseis, sobrevive devido à sua adaptação ao vírus, e se transforma em um BOW assustador, com tentáculos e lâminas saindo de seu corpo disforme.
 
Sheva e Chris conseguem segurar o avanço letal de Wesker até que este acaba caindo no meio da lava. Inacreditavelmente vivo (pô, nem o T-1000 de Exterminador do Futuro 2 aguentou uma dessa!), tenta evitar a fuga da dupla agarrando o helicóptero em que estavam, quando estes colocam um ponto final na existência de Albert Wesker com dois tiros de lança-foguetes. A humanidade está definitivamente salva.
 

Legado nos videogames

 
Desde sua aparição no Resident Evil original, Albert Wesker gerou um legado que ultrapassou as barreiras dos oito games da série onde aparece. No shooter da Capcom Lost Planet 2 (PS3, Xbox 360, PC), sua skin pode ser debloqueada para uso. Em Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds (também da Capcom, para PS3 eXbox 360), tem um dos principais papéis como vilão, ao se aliar ao Doutor Destino para unirem seus respectivos universos e dominarem os mesmos.
 
Ele já virou action figure (em 2002 via Palisades Toys e 2006 para a Hot Toys), aparece nos cards de Resident Evil: The Deck Building Game, e em dois filmes das adaptações de Resident Evil para o cinema. Em Extinction é vivido por Jason O’Mara como o líder da Umbrella, em Afterlife quem faz o papel é Shawn Roberts – sendo que neste, seu visual e falas são claramente inspirados em Resident Evil 5. Roberts encarnará Wesker novamente em Resident Evil: Retribution, previsto para lançamento em setembro deste ano.
 
Para finalizar, um dos produtores da série Resident Evil, Masachika Kawata, afirmou que Wesker morreu definitivamente com os mísseis no vulcão. Será mesmo, ou ainda vamos reencontrar um dos maiores vilões de todos os tempos? A resposta pode vir em 12 de novembro, quando a Capcom lançará mundialmente o mais novo episódio da série de survival horror…
 
Revisão: Leandro Fernandes

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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