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Análise: Fallout 3 (PS3)

Perdido. Foi assim que me senti quando fui jogado no mundo pós-apocalíptico de Fallout 3. Apesar de gostar desse tipo de história, eu nunca ... (por Unknown em 18/03/2012, via PlayStation Blast)

Perdido. Foi assim que me senti quando fui jogado no mundo pós-apocalíptico de Fallout 3. Apesar de gostar desse tipo de história, eu nunca tinha jogado um game da série e sempre fui fã de RPGs japoneses, como Final Fantasy. Então, quando peguei um jogo no qual você pode ir para onde quiser livremente, não é de se admirar que, a princípio, eu tenha ficado perdido. A liberdade é tanta, que completei algumas missões antes  mesmo que os NPCs as passassem pra mim.

Fallout 3 se passa em Washington no ano de 2277, duzentos anos após o término de uma guerra nuclear que devastou o planeta. O personagem principal – que é inteiramente customizado pelo jogador, desde o nome até a aparência – passou a vida em um abrigo subterrâneo chamado Vault 101, mas decide deixar o lugar quando seu pai vai embora sem dar explicações.

O começo de jogo no Vault serve como um tutorial para os comandos básicos do game e pode acabar desanimando os jogadores menos pacientes, mas acredite, tudo melhora quando finalmente chegamos na superfície de Capital Wasteland (o nome de Washington no jogo).

Liberdade de exploração

Como comentei no primeiro parágrafo, é impossível não se sentir meio perdido ao sair do Vault 101. O jogador é apresentado a um mundo simplesmente gigante e sem receber muitas explicações de onde deve ir. O jogo até possui uma espécie de radar indicando o local da próxima missão, mas é comum você esquecer dele e simplesmente aproveitar a liberdade que Fallout 3 lhe dá. A história principal é sobre a busca por seu pai, mas na verdade isso tudo acaba sendo apenas um pretexto para viver nesse mundo empolgante que é Capital Wasteland.

A verdadeira história se desenvolve a partir do próprio jogador, e é gerada como consequência da maneira como ele reage ao mundo à sua volta. A possibilidade de decidir grandes mudanças neste mundo passa pelas suas mãos. Uma das primeiras missões, por exemplo, envolve desativar ou ativar uma bomba nuclear, salvando ou destruindo completamente uma das cidades do jogo. Vilão ou mocinho, é você quem decide o que vai ser. As missões podem ser realizadas de diversas maneiras, pode-se usar desde a força bruta, que ocasiona várias mortes, até a diplomacia, que é capaz de resolver situações das mais difíceis sem que se dispare uma bala sequer.


E por falar em missões, elas são as mais variadas possíveis, indo desde entregar uma simples carta até intermediar uma trégua entre dois clãs e impedir a morte de vários inocentes. Você pode até mesmo vender uma criança para um mercador de escravos. Além disso, para descobrir grande parte das missões o jogador deve explorar ao máximo, não apenas as cidades, mas o exterior também. Em um mundo cruel como o de Fallout 3, sempre é possível encontrar alguém precisando de ajuda em algum canto.

Um futuro baseado no passado

Felizmente, o mundo do jogo não é apenas cruel, ele também é fascinante – pelo menos para os jogadores. No universo de Fallout 3, a cultura americana permaneceu com os costumes e a moda dos anos de 1950, então toda estrutura antiga encontrada tem o aspecto dessa década. Até as músicas tocadas nas poucas rádios que existem remetem àquela época. Porém, isso vale apenas para certos aspectos culturais da sociedade, já que a tecnologia evoluiu bastante, sendo possível, inclusive, encontrar robôs e armas laser entre as relíquias do passado. Além disso, devido à radiação da época da guerra, existem algumas raças em Capital Wasteland além dos humanos, como os mutantes ou os ghouls.

Graficamente, o jogo é sensacional, com cenários repletos de detalhes e efeitos de luz e sombras muito bem feitos. A paleta de cores, sempre com tons mais tristes, nos ajuda a entrar no clima de desesperança pós-apocalíptico no qual as pessoas vivem neste mundo. Os rostos dos personagens encontrados pelo caminho também impressionam pela quantidade de detalhes, como rugas, sardas ou pelos. Fora que ainda possuem expressão facial muito bem trabalhada. O ponto negativo fica por conta do modelo do personagem principal. Quando controlado em terceira pessoa, os movimentos dele não parecem muito naturais e a mira do jogo também fica prejudicada. O que é realmente uma pena, já que qualquer modificação que você faça no personagem aparece nele, e uma visão em primeira pessoa não nos permite visualizar essas mudanças.


À primeira vista, a jogabilidade de Fallout 3 pode parecer a de um jogo de tiro comum, mas aí entra o sistema V.A.T.S. Com este sistema, o jogador congela o combate e pode escolher qual parte do corpo do inimigo ele quer atacar. Quanto mais difícil uma parte, menor a porcentagem de chance no acerto. Essa porcentagem pode ser melhorada através dos atributos físicos e das diversas perícias que o jogo apresenta para serem desenvolvidas, assim como em todo bom RPG tradicional de livro. Essas perícias envolvem técnicas de infiltração, manuseio de armas, negociação...enfim, conferem uma quantidade absurda de personalização para o seu personagem.


Com um mundo imenso e repleto de personagens interessantíssimos em cada canto, Fallout 3 não é um game para se jogar pensando simplesmente em zerar. Na verdade, ele pode ser terminado relativamente rápido (em cerca de 20 horas), mas o grande atrativo do jogo é viver aquele mundo e curtir cada minuto jogado. Sempre explorando e descobrindo novos lugares e pessoas. Existem locais repletos de desafios e que não fazem parte de nenhuma missão, sendo possível se divertir durante horas sem avançar na história. Então esqueça a busca por seu pai e aproveite tudo o que Capital Wasteland tem a oferecer. Fallout 3 é uma experiência que deve ser muito bem aproveitada.

Raças e Facções

Fallout 3 apresenta diversas raças e facções que servem como antagonistas ou aliadas para o jogador. Abaixo você confere algumas das principais.

  • Super Mutantes – Esses brutamontes de pele verde ou amarela um dia já foram humanos, mas acabaram transformados devido à radiação. Eles se assemelham aos orcs dos RPGs medievais e apresentam a mesma brutalidade que eles.

  • Ghouls – Também são humanos que foram expostos a altos níveis de radiação e ficaram com os corpos totalmente deformados. Alguns possuem a pele tão transparente que é possível enxergar seus órgãos internos. Em compensação, vivem muito mais que os humanos comuns. Alguns Ghouls encontrados durante o jogo chegaram a ver a guerra nuclear que assolou o mundo duzentos anos atrás. Uma variante dessa raça são os Feral Ghoul, que não possuem consciência alguma e atacam qualquer um que atravesse seu caminho.

  • Raiders – Esta facção é o típico inimigo das histórias pós-apocalípticas, sendo responsável pelas maiores atrocidades em Capital Wasteland. Eles estupram, roubam e matam sem dó. É o inimigo mais comum encontrado no jogo, já que eles se escondem em qualquer lugar que pareça abandonado.

  • Brotherhood of Steel – Sua principal missão era coletar tecnologia antiga que pudesse ser usada na reconstrução da sociedade, mas acabaram se considerando superiores a todos e hoje agem como protetores de Capital Wasteland. É a facção com as armas e as armaduras mais legais do game.
 

Prós

  • Um mundo gigante com total liberdade de exploração
  • Total personalização na hora de criar o personagem
  • Personagens secundários interessantes
  • Sistema de combate divertido
  • As decisões do jogador afetam o mundo do jogo
  • A ambientação futurista-retrô

Contras

  • Os gráficos do personagem na visão em terceira pessoa
  • Alguns bugs, como corpos de inimigos mortos caindo do céu
Fallout 3 – PlayStation 3 – Nota Final: 9.5
Gráficos: 9.0 | Som: 10 | Jogabilidade: 9.0 | Diversão: 10
Revisão: Samuel Coelho

Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Felipe, valeu pela dica, Ótima análise, me deixou mesmo com vontade de jogar. O último jogo pós-apocalíptico que joguei foi Rage, se não me engano o território onde vivíamos tinha um nome parecido com Wasteland... Gosto desses jogos onde você pode escolher entre ser mocinho ou vilão, me lembra inFamous.
    Não conhecia esse site, vou ficar de olho.

    =)

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