Especial: A Evolução do RPG

R ole P laying G ame , ou Jogo de Interpretação de Papéis. Nascido dos jogos de mesa como Dungeons & Dragons e fortalecido pelos g... (por Unknown em 23/01/2012, via PlayStation Blast)

Encontro aleatório com... RPG!Role Playing Game, ou Jogo de Interpretação de Papéis. Nascido dos jogos de mesa como Dungeons & Dragons e fortalecido pelos games vindos do Japão, o gênero cresceu absurdamente, passando por fases obscuras e abrindo as portas para os desenvolvedores ocidentais. Seja aquele caracterizado pelos menus e batalhas em turno ou pela atribuição de habilidades a personagens ou mesmo aquele em que você cria seu personagem e afeta o mundo com suas próprias escolhas, o RPG carrega uma boa bagagem e está em constante evolução. Curioso para saber mais sobre a história e crescimento desse gênero que atrai cada vez mais fãs em busca de boas histórias e uma ambientação imersiva? Do the evolution e leia o resto desse Especial!

Antes de falar a respeito da versão virtual, é necessário explicar o conceito de RPG. A sigla vem de Role Playing Game, Jogo de Interpretação de Papéis, como visto no início da matéria. Talvez a primeira aparição desse estilo, ainda em estágio inicial, tenha sido no jogo Jury Box. Lançado na década de 30 nos Estados Unidos, a premissa do jogo era simples e criativa: os jogadores são membros de um júri e precisam analisar a evidência para condenar ou não o réu. O jogo não tinha ganhador, nem perdedor, servia apenas para que cada jogador se colocasse num papel diferente e entrasse naquela situação, sem saber a solução real do caso proposto até o final da partida.

Diversos dados usados no RPG de mesa.Mas o gênero de "RPG de mesa" criou-se de fato com Dungeons & Dragons, publicado em 1974 nos EUA. Para quem não sabe, o que acontece é o seguinte: os jogadores criam personagens: seu nome, aparência, história, atributos físicos, habilidades, poderes, classe... enfim, eles criam uma outra pessoa, que será representada por eles no jogo. O Dungeon Master (mais comumente chamado de Game Master, ou GM), é quem narra a história e apresenta aos jogadores os desafios. Com o tempo, muitos outros estilos de RPG de mesa surgiram, ampliando as possibilidades. Enquanto Dungeons & Dragons, como o próprio nome diz, focava-se em fantasia medieval, novos jogos traziam a possibilidade de criar histórias modernas, futuristas, de passado histórico, de detetive, de terror, de super-heróis, enfim... com o RPG de mesa, você podia interpretar um papel numa história, lutar, investigar, e fazer tudo isso usando apenas papel, caneta e, em muitos casos, dados.

RPG "de tela"

Deixando a mesa, os dados, as canetas e todo o resto de lado, nasceu o RPG virtual, "de tela". Pouco após o sucesso de D&D (apelido carinhoso de Dungeons & Dragons), começaram a nascer os primeiros RPGs para computadores. Se você está se perguntando, pode ter certeza: computadores eram uma coisa bem rara nos anos 70, e os jogos eram feitos em texto ou com gráficos formados por letras e números, como era o caso de Rogue, um dos jogos mais populares da época.

Rogue - um pioneiro do RPG de PC.

No início, esse gênero era exclusividade dos PCs. Obviamente, uma versão de D&D foi feita para computador, e daí sucederam-se diversos títulos ocidentais, todos lançados somente para os computadores pré-históricos que eram utilizados. Nesse ponto da história, o RPG dividiu-se em dois, assim como o resto do mundo: RPG ocidental e RPG oriental.

Os dois lados do mundo (dos games)

O ocidente dominava os jogos para PC, e o oriente dominava, de forma esmagadora, os jogos para consoles. O primeiro RPG para console foi Dragonstomper, lançado para Atari 2600 no ano de 1982. Em seguida, no ano de 1986, a Chunsoft criou Dragon Quest. A série não precisa de apresentações: ela fundou as raízes para os JRPGs (RPGs japoneses) e segue até hoje como uma das franquias mais lucrativas e tradicionais dos video-games.

Ao mesmo tempo, o RPG ocidental evoluía de forma diferente. Foi com o jogo Wizardry que começou a batalha em turnos, com comandos ativados por menu. Em 1988, a SSI produziu o jogo Pool of Radiance, que utilizava uma visão em primeira pessoa no decorrer do jogo e, em batalha, uma visão quase isométrica, voltada para estratégia. RPG de fantasia medieval em primeira pessoa? Soa familiar?

Um ano antes, no Japão, havia sido lançado um singelo jogo chamado Zelda II: The Adventure Of Link, que é considerado por muitos o jogo que fez o RPG oriental ganhar uma identidade própria. Ao contrário dos seus semelhantes ocidentais, esses jogos não possibilitavam a criação de personagens e, em boa parte deles, as batalhas eram em tempo real, criando o sub-estilo de RPG de ação. Em Dragon Quest III, lançado em 1988, vieram grandes adições, como a possibilidade de mudar a classe dos companheiros de batalha, os ciclos de noite e dia, e o aproveitamento disso: alguns personagens, itens e missões só podiam ser acessados durante determinado período do dia.

Cloud Strife - protagonista de Final Fantasy VIIDécada de 90

Enquanto o RPG oriental formava uma identidade bem específica, o ocidental mantinha suas raízes. No oriente, os jogos ganhavam um foco numa história grande e bem construída, enquanto no ocidente os jogos focavam na jogabilidade e na evolução dos personagens como guerreiros.

Nesse ponto, o RPG oriental ganhou grande espaço, com os Final Fantasy adicionando coisas que não se via no RPG ocidental para PC, como romance e grande interação entre personagens. Com a evolução da tecnologia, o RPG aproveitou e evoluiu junto, possibilitando as cutscenes grandiosas que vemos até hoje, e o primeiro jogo a demonstrar as possibilidades novas foi Final Fantasy VII. Esse não precisa de apresentação: ele é até hoje considerado um dos melhores da série, um marco na vida de uma geração de gamers, e foi extremamente influente na dominação japonesa dos RPGs.

Ao mesmo tempo, o RPG de PC adquiriu um público bastante limitado e evoluiu dentro do possível, criando games isométricos (grande parte deles era da Blizzard North e mantiveram-se como grandes franquias até hoje, como é o caso de Fallout e Diablo). Outros já entraram na era 3D, como The Elder Scrolls I: Arena. Sim, o tatatatatatatataravô de Skyrim.

Foi só no final dos anos 90, curiosamente ao mesmo tempo em que a franquia D&D passou para a BioWare, que o RPG ocidental voltou a ganhar espaço. A companhia tomou as rédeas do gênero e adicionou um ponto fundamental para o gênero, mas que tinha sido esquecido pelo RPG oriental: a escolha.

A escolha e sua repercussão

Sendo sucinto: em um RPG de mesa, você tem total liberdade para fazer o que quiser e tomar as decisões que achar apropriadas. Você não vê isso na série Final Fantasy. Você não vê isso em basicamente nenhum RPG oriental. E no momento em que o público gamer começou a querer isso, a desejar uma liberdade maior (tanto dos jogos de ação, tornando GTA 3 um fenômeno, quanto dos outros gêneros), que o jogo virou.

Nos RPGs ocidentais, começou a ser implantada essa ideia, de que era possível criar seu personagem, moldar a história, e ainda assim manter a base do RPG, com itens, menus, e etc. Enquanto o Japão mantinha sua tradição do visual brilhante, com personagens mais "anime" e histórias que muitas vezes beiravam o melodrama, o ocidente dava conta do contrário, com personagens mais velhos e maduros, visual sombrio e, é claro, escolha.

Fallout - um exemplar clássico do RPG ocidental.

A Square Enix continuou lançando seus Final Fantasy com sucesso, mas o Japão perdeu espaço enquanto as produtoras desse lado do mundo começavam a expandir seu mercado, levando seus títulos para os consoles com êxito. E, de repente, quando chegamos a essa geração de consoles, com o PlayStation 3, Xbox 360 e Wii, os RPGs orientais já não caíam mais no gosto do grande público, e as séries Fallout e Elder Scrolls haviam chegado aos consoles, trazendo consigo uma legião de gamers que ajudaram a mudar o rumo das coisas.

Antes que os defensores do JRPG briguem, a questão da queda do gênero é muito complexa. Pode-se dizer que a queda do mercado japonês de games deve-se, em parte, a uma queda do mercado japonês geral. Mas a questão é um pouco mais abrangente: na década de 90, a moda eram os JRPGs. No início dos anos 2000, a moda eram os jogos de música, da linha Guitar Hero e Rock Band. Agora, a onda é de FPS, com uma pontinha já iniciada nos shooters de 3ª pessoa com toque cinematográfico, à la Uncharted. São tendências. E o JRPG está "fora de moda".

Dias atuais

Hoje em dia, a briga está praticamente decidida. Os RPGs orientais têm sua fatia do mercado, mantendo tradições, mas aos poucos aprendendo a abrir mão de uma linearidade arcaica (tão criticada em Final Fantasy XIII) por mais liberdade (como visto em Xenoblade Saga). Mas os grandes fenômenos vêm por parte do ocidente, como Mass Effect, franquia sci-fi da BioWare que tornou-se um marco da possibilidade de escolha nos games, com uma novidade apaixonante: suas escolhas são importadas de um jogo para outro. E, é claro, a série Elder Scrolls, que chegou ao seu ápice do sucesso no recente Skyrim (considerado por muitos o jogo do ano de 2011), um jogo de mundo aberto e cheio de possibilidades de escolha.

Nesse ano ainda veremos o final da trilogia Mass Effect, trazendo todo o impacto das decisões tomadas ao longo de dois jogos. Mas também teremos no final desse mês o lançamento de Final Fantasy XIII-2, a tentativa da Square Enix de reparar os problemas do primeiro jogo e tentar reconquistar espaço.

É importante notar que a Nintendo, nesse último ano, tornou-se o reduto para os amantes do JRPG. Não só pelo tradicionalismo de seus fãs, mas porque ela recebeu no Wii três títulos de JRPG que mostram uma grande evolução, tanto na estética quanto na história e jogabilidade: Xenoblade Saga, The Last Story e Pandora's Tower. Xenoblade Saga aprendeu bem com o ocidente e trouxe muita interação (realista) entre os personagens, um bom nível de escolha e maior liberdade de movimentação. E os portáteis da Big-N estão bem abastecidos com JRPGs bons e bem trabalhados, ainda que meio engessados dentro das tradições. Nesse mundo próprio (e enorme) da Nintendo, o JRPG não perdeu tanto espaço.

Enquanto isso, nós, mortais jogadores de PS3, PSP ou até de PS Vita (sem contar os jogadores de Xbox 360 e PC), vemos a dominação quase completa do RPG ocidental, da possibilidade de escolha e uma verdadeira adaptação do RPG de mesa para os videogames. E o Japão agora parece dar indícios de querer acompanhar isso, voltando para a origem de tudo. O RPG continua evoluindo, e os próximos passos parecem levar cada vez mais próximo do livre e interativo.

Revisão: Rafael Becker


Escreve para o PlayStation Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.
Este texto não representa a opinião do PlayStation Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. boa matéria, ainda bem que se lembraram do xenoblade, last story, e pandora tower; que talvez sejam os melhores jrpg dessa geração, embora falta a menção de white knight e valkyria chronicles que também são bons (só não sei do valkyria, mas dizem que é bom embora alguns também dizem que deviam voltar ao estilo do valkyria profile 2: silmeria)

    final fantasy deveria voltar a ser como o xii, ffxiii não teve cidade nenhuma, a pessoa tinha que ficar matando, matando e matando e quando liberava uma missão secundaria era de caçar alguns monstros (matando) ou pegar umas peças de um robo (coisa que demorava 2 minutos)

    enfim, faltou também os mmorpgs que embora ainda não façam muito sucesso em consoles, já temos monster hunter tri e dizem que dragon quest x também vai ser.

    novamente boa matéria, a próxima poderia ser sobre jogos de terror (que estão em uma situação pior que os jrpgs)

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  2. Eu não mencionei MMO pq é uma coisa quase que exclusiva de PC, e tbm só dei uma pincelada na questão da Nintendo pq o blog é focado em PlayStation, mas é sempre bom ter esse retorno, de alguém que leu a matéria de fato. Eu só discordo de você sobre o FFXII. Gosto do jogo pela jogabilidade, visual e tudo o mais, mas odeio a história, acho uma das mais esquecíveis... nenhum FF supera o VIII pra mim, mas eu acho que tô um pouco nessa coisa de estar cansado do estilo dos JRPG e apaixonado pelo RPG ocidental.

    Enfim, muito obrigado pelo comentário! \o/

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  3. Leandro, ótima matéria, principalmente para ilustrar como as coisas surgiram. Hoje a divisão ocidente/oriente é nítida, mas eu confesso que não sabia as raízes e os jogos que deram origem a esses dois apêndices.
    Parabéns :)

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  4. a ongame e a pior deles cuidado em vez de banir os hackes baniram os plays
    infelizmente gastei dinheiro e tempo
    estou decepcionado com aika
    que venha a gpotato que venha o aikct tchau ongame

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