Uma garagem com mais de mil carros e um saldo que ultrapassa os seis dígitos: em Gran Turismo 5 é possível. Além das extravagâncias usuais, a série desenvolvida por Kazunori Yamauchi ainda oferece as tradicionais licenças, eventos especiais e a possibilidade de controle de uma equipe de pilotos. Entretanto, nem tudo são louros no jogo que demorou mais de 5 anos para ficar pronto. “Loadings” intermináveis (alguns de quase um minuto), um pouco de desleixo com os gráficos de algumas pistas/carros e um multiplayer modesto abrem precedentes para questionamentos. Continue lendo para tirar suas próprias conclusões.
Uma franquia lendária
Com o lançamento do Playstation 3, em 2006, os rumores de um sucessor de Gran Turismo 4 (PS2) começaram. Ano a ano, surgiram novas informações, mas sempre pouco concretas. Finalmente, na E3 de 2009, um trailer foi revelado. A inclusão de corridas NASCAR, Super GT e WRC empolgaram os fãs e tornaram a espera - que já era longa - ainda mais impiedosa. Durante anos, a data de lançamento permaneceu desconhecida. Foram quase seis anos de espera para que, finalmente, a Polyphony Digital colocasse o jogo no mercado. O fato é que este longo tempo serviu para potencializar as expectativas em relação ao produto.
A saga do nascimento de GT5 iniciou, oficialmente, em 2007. Ciente da importância da franquia e boa recepção de Gran Turismo 4, a Polyphony Digital lançou Gran Turismo 5 Prologue. O jogo, segundo a produtora, era, ao mesmo tempo, uma prévia planejada de Gran Turismo 5 e uma comemoração ao 10° aniversário da série. A grande verdade é que Prologue também tinha como objetivo acalmar os ânimos dos fãs descontentes com os adiamentos e imprevisibilidades da produtora. Em novembro de 2010, Gran Turismo 5 é lançado - quase um ano após a sua demo na Playstation Network. GT5 manteve alguns aspectos da prévia Prologue (como a não-obrigatoriedade das licenças) e ainda trouxe excelentes novidades. A jogabilidade é nitidamente mais precisa e a a quantidade de carros é infinitamente maior, assim como o número de pistas. Simultâneamente, o tão aguardado sistema de danos (inexistente em outras versões da série) é um legítimo fracasso. Este é, sem sombra de dúvida, o maior pecado dos desenvolvedores de GT5, mas, infelizmente, não é o único.
Muito car porn ao estilo Kazunori Yamauchi
Um fato inegável: os gráficos de GT5 são impressionantes. Salvo alguns tropeços - que serão comentados na sequência - a qualidade de detalhes de alguns carros beira o real. Ao total, são mais de 1.000 carros (confira aqui a lista oficial) divididos em duas categorias: Premium (cerca de 200 modelos) e Standard (em torno de 800). Os Premium possuem um sistema de danos um pouco mais avançado (mas ainda defeituoso), visão do cockpit e grande quantidade de detalhes no exterior e interior do carro. Nos veículos Standard, o sistema de danos é quase inexistente. Os carros sofrem alguns arranhões e amassam aqui ou ali, mas nada que prejudique a condução ou detone o veículo. Para além disto, os modelos Standard não podem receber alguns aperfeiçoamentos estéticos (como pintura de rodas, por exemplo).
As promessas da Polyphony Digital
Um dos fatores que contribuiu para o desapontamento em relação ao jogo foram as promessas. Pouco antes do lançamento, a produtora divulgou que todos os carros do jogo teriam a visão de cockpit e um acabamento de qualidade. Tempos depois, a informação foi contrariada. Ao fim, somente os 200 carros Premium possuem um nível de detalhe superior e câmera interna. Além disto, nos eventos de rally (na neve ou terra) os veículos não sujam - os vidros e pneus, por exemplo, permanecem limpos.
O sistema de danos foi outro elemento frustrante. Nos carros Standard não é possível percebê-lo, e nos Premium ele é extremamente defeituoso. Para um pedaço do carro cair são necessários, no mínimo, 5 a 10 minutos de colisões a 250km/h em um muro. Quando finalmente o carro quebra, o que se vê é uma cena lamentável: pedaços amassados sem nenhum sentido e buracos do carro sem preenchimento. A sensação é que o carro derreteu em vez de amassar.
Algumas promessas foram cumpridas parcialmente. É o caso da introdução das mudanças climáticas. Infelizmente, esta opção não está disponível em todas as pistas. Contudo, nos circuitos em que se faz presente ela é muito efetiva. Se percebe nitidamente as peculiaridades de dirigir em uma pista molhada. O automóvel fica instável e mais difícil de controlar. Outro aspecto positivo são as pistas que possuem o recurso das competições de 24 horas. O efeito do pôr-do-sol é fantástico, bem como o cair da noite e as variações metereológicas.
O editor de pistas foi outrp elemento aguardado pelos apreciadores da série. Entretanto, se a ferramenta fosse suprimida, tenho certeza que ninguém sentiria falta. O editor é mal feito, lento e todos os recursos são pré-prontos. O único motivo que vejo para usá-lo é conseguir um dos troféus do jogo. E, por falar em troféus, dica para os trophy hunters de plantão: GT5 não é o melhor jogo para isso. Apesar de valiosos, os trophies são desgastantes e difíceis. Existe apenas um de ouro, e você só ganha depois de definhar de tanto pilotar. Acredite.
Se você gosta simuladores, este é seu jogo
A proposta da série Gran Turismo sempre foi emular a experiência da condução. Desde os primórdios do GT1, no saudoso PSOne, o intuito nunca foi correr por correr. Por este motivo, acredito que os tropeços citados anteriormente são facilmente esquecidos quando o jogador se propõe a fazer o que o jogo oferece de melhor. Em GT5, o principal desafio é aprender a pilotar qualquer tipo de carro, desde o vagaroso Volkswagen Samba Bus 1962 (tradicionalmente conhecido como Kombi) até o veloz Bugatti Veyron.
No modo single player offline é possível escolher entre o modo Arcade ou GT. No primeiro, dá para acessar todas as pistas e dezenas de carros. Além disso, o Arcade dispõe de provas de Time Trial (que cronometra as melhores voltas em uma determinada pista) e Drift (o objetivo deste é acumular pontos por meio de derrapagens). Também existe o modo multiplayer, com a tradicional tela dividida.
Mas é no GT Mode que encontramos a essência do jogo. Segmentado em dois modos, A-Spec e B-spec, GT5 simula com maestria tanto a sua carreira como piloto como a de sua equipe. A ideia é simples: joga-se o jogo, ganham-se pontos, e estes pontos abrem novas competições e habilitam a compra de novos veículos. Mas não pense que será facil - para ganhar todos os eventos disponíveis (princpalmente os Special Events) são necessárias muitas horas de prática.
GT Mode: pilotar ou comandar?
Em Gran Turismo 5 existem duas possibilidades dentro do GT Mode. No A-Spec você é o piloto, simulação pura e dura. Cada carro possui suas particularidades e boa parte deles podem ser “tunados”. Se você, assim como eu, não possui skills suficientes para sair modificando carros por aí, não tem problema. A maioria das provas podem ser feitas com as configurações básicas dos carros, a exceção de alguns Special Events e corridas mais complexas. Minha dica é a seguinte: tire 50 minutos e leia um tutorial básico das funções disponíveis em GT5, depois teste e sinta a diferença que as modificações exercem no veículo. Fica muito mais fácil resolver pequenos problemas que aparecem conforme o jogo avança.
No B-Spec seu papel é de diretor de equipe. Aqui a ideia é comandar um piloto por meio de indicações, como: aumentar a velocidade, diminuir, manter e ultrapassar. Teoricamente, seria uma maneira mais simples de ganhar créditos e evoluir no jogo. Teoricamente. A realidade é outra. O B-Spec, na maioria do tempo, é uma dor de cabeça e comandar o piloto é uma tarefa desgastante. O modo B-Spec foi introduzido em GT4, mas lá ele tinha valor secundário. Em GT5 ele faz parte da carreira e se torna obrigatório se o seu desejo for completar o jogo por inteiro.
Jogatina online
Confrontar outros jogadores no modo online também é divertido, apesar de não ser o foco do jogo. No modo multiplayer é possível jogar ou contra amigos da PSN, ou jogadores aleatórios. As disputas estão relativamente estáveis após os updates.
Outro recurso muito interessante é a Corrida Remota (somente para B-Spec). É importante mencionar que por meio dela fica muito mais simples evoluir sua equipe.
Na Corrida Remota você coloca um piloto seu para correr com pilotos treinados pelos seus amigos, ou seja, você treina não só o seu, mas também os de outra pessoa. Obviamente, se os seus amigos forem generosos também treinarão os seus para você. O grande mérito do serviço é que não precisa estar perto do console para isso acontecer. Basta deixar o PS3 ligado no modo stand-by do GT5. Quando estiver em um computador acesse www.gran-turismo.com e coloque os pilotos para correr. Simples. O único "porém" é que o site é extremamente instável e muitas vezes este recurso fica desabilitado.
Considerações Finais
Gran Turismo 5 é um grande jogo. Apegado ao detalhe, com uma longa vida e o principal: muito divertido. GT5 é o que se propõe a ser: um simulador. Certamente Kazunori Yamauchi tem motivos para se orgulhar deste produto. É um jogo difícil, que exige paciência em vários níveis. Desde os longos tempos de espera dos loadings até as exaustivas tentativas para conseguir ouro nos Special Events.
Outra observação muito importante é referente a trilha sonora. Apesar de concordar que as músicas de GT5 são péssimas (com raras exceções), aponto aqui um detalhe que não vi mencionado em nenhum outro lugar. É possível (e incentivado através de um trophy!) que você faça sua própria playlist, tanto para as corridas, como também para o menu. Basta passar as músicas para um pendrive, copiar para a PS3 e abrir no GT5. Simples e eficaz.
Prós
- Jogabilidade impecável - Nota-se claramente a diferença ao pilotar carros distintos.
- Grande número de veículos - Em GT5, existem mais de mil carros para obter. Desde carros tradicionais, como um Peugeout 207, até Karts, carros de Rally e NASCAR.
- Variedade no número de pistas - Ao total são 71 pistas em 26 locais diferentes. Além das novidades, clássicos como Deep Forest também foram incluídos.
- Sistema de Corrida Remota - Após a introdução deste recurso ficou muito mais fácil treinar os B-Specs. É possível treiná-los diretamente através de um computador, sem necessariamente estar perto do PS3.
Contras
- Sistema de danos - Pesa muito na avaliação. Entretanto, é importante ressaltar que estragar um carro nunca foi uma premissa do GT, visto que a ideia é justamente simular uma pilotagem perfeita, sem erros.
- Detalhes em algumas pistas - Em alguns circuitos, as sombras são grotescas e os espectadores parecem ter saído diretamente do PSOne. Felizmente não é nada que interfira diretamente na experiência do jogo, afinal, são só detalhes.
- Carros Standard sem visão do cockpit - A câmera interna realmente faz falta. Principalmente para algumas provas específicas.
Gran Turismo 5 - Playstation 3 - Nota final: 9
Gráficos: 9,5 | Som: 8 | Jogabilidade: 10 | Diversão: 8,5
os loading times acabam sendo justificados pela quantidade absurda de conteúdo que o jogo oferece. incontáveis horas de gameplay nisso aí.
ResponderExcluirboa análise, só acho que a nota pro gráfico foi muito alta, pra mim tinha que ser no máximo 9, porque, sem sitema de dano decente e com plateia isopor (pra não falar papelão) 9,5 é muito alto (9,5 é nota pro grid e dirt 2 que pra mim tem um gráfico melhor e um sistema de danos imcomparável, além de que o carro se suja de poeira, terra, lama; além da plateia ser 3d e interagir se você bater o carro perto, fazer uma boa curva...)
ResponderExcluirOs gráficos do carro e da pista são lindos.
ResponderExcluirPorém, olhem a primeira árvore que aparece no video (Só a copa) aos 0:12 segundos, claramente dois papéis cruzados hahaha
É por isso que precisamos da Unlimited Detail Tech da Euclidean (Se for real), pois se fizessem todas as árvores detalhadamente como os carros, ia ficar MUITO TENSO de rodar o jogo.