Feriadão. Dia 20 de Abril. Parecia o momento perfeito para se encasular no sofá e curtir horas a fio de jogatina online. Mas não foi bem assim que aconteceu. Na fatídica quarta-feira pré-feriadão o serviço online da Playstation Network foi desligado pela Sony. O que os jogadores de PS3 não esperavam era que a queda da rede seria muito mais longa e mais problemática do que a própria Sony previu.
O que parecia apenas uma manutenção preventiva se tornou a mais longa abstinência coletiva de jogos online. Foram mais de 24 dias sem disponibilidade no serviço de jogos online da PSN. No total foram necessários 41 dias para que a Sony retomasse todas as funcionalidades da rede, que foram restabelecidas aos poucos após dias e dias de testes de confiabilidade.
O início do caos
Entre os dias 17 e 19 de Abril houve uma invasão do datacenter da Sony em San Diego, Califórnia. Após a descoberta do vazamento de dados, a empresa decidiu então derrubar a PSN e o serviço de música sob demanda Qriosity como forma de evitar maiores danos e apurar os acontecimentos. À primeira vista era apenas um ataque normal, sem muitas consequências. Em comunicado emitido por Patrick Seybold no blog oficial do PlayStation, a empresa pedia paciência aos consumidores e afirmava que uma equipe já estava apurando os acontecimentos. Segundo a nota a previsão de retorno após a “invasão externa” era de dois dias.
Mas após seis dias sem serviço online, a Sony admitiu o que todos já temiam: as senhas e logins de acesso à rede, bem como nomes completos, endereços e até mesmo números de cartões de crédito poderiam ter sido roubados pelos hackers. Em novo comunicado liberado no blog oficial do PlayStation, a Sony recomendou extremo cuidado com telefonemas, cartas e e-mails que pudessem ser recebidos pedindo confirmação de dados. Outra recomendação foi a de monitorar o cartão de crédito utilizado no pagamento dos produtos adquiridos via PSN e, em caso de movimento suspeito, entrar com recursos legais a respeito de utilização indevida de dados bancários.
Prejuízo para todo mundo
Em apenas sete dias da queda da PSN já era possível começar a medir os estragos: segundo o site Dataloss DB a invasão à PSN foi considerado o 4º maior vazamento de dados da história, com mais de 77 milhões de usuários afetados. Em pesquisas realizadas em território norte-americano a estimativa era de que 1 em cada 5 proprietários do PS3 estaria disposto a trocar seu console pelo Xbox 360. Além de não ser possível jogar online títulos como Street Fighter IV e Call of Duty: Modern Warfare 2, jogos que necessitavam de autenticação online também não rodavam.
A rede online, que foi criada em 2006, gera uma receita anual na casa de 500 milhões de dólares à Sony. Mas não foi somente os jogadores que se sentiram lesados pela queda do serviço. A gigante Capcom que ainda colhia os frutos com o sucesso de Street Fighter IV estimou prejuízos na casa das centenas de milhares de dólares em downloads perdidos.
E os Anonymous?
Após o ataque, diversos veículos já se apressaram em atribuir a culpa dos ataques ao movimento de web ativistas Anonymous. Acredita-se que o ataque tenha sido motivado como forma de represália pelo processo judicial movido pela Sony contra George Hotz, conhecido usuário do PS3 que afirma ter criado um software de desbloqueio do aparelho.
Polêmicas à parte até hoje não se tem certeza se o ataque partiu de algum membro do movimento Anonymous por não haver nenhum representante oficial do grupo. Qualquer pessoa pode se considerar um Anonymous. Em depoimento de funcionários da Sony a congressistas norte americanos, uma mensagem em nome do grupo foi deixado nos servidores logo após o ataque. Mas, como não há nenhum representante oficial do movimento, a informação da procedência do ataque não foi confirmada.
Enfim a redenção
Após dias de sofrimento por parte dos jogadores, a Sony enfim finalizou as investigações. No dia 14 de Maio, o serviço da PSN começou a ser restabelecido em alguns estados dos EUA. No dia 15 foi a vez de Brasil, Japão e parte da Europa retomarem seu acesso. Em um primeiro momento, apenas os jogos online foram habilitados. Mas para os jogadores que resistiram durante 24 dias, isso já era um grande alívio.
A PlayStation Store só foi reaberta ao público no dia 1º de Junho. E como pedido de desculpas aos consumidores a Sony ofereceu uma gama de brindes. Acesso gratuito à PlayStation Plus por 30 dias, proteção de identidade, atualização para troca de senhas de acesso e jogos grátis. O pacote intitulado “Welcome Back” foi bem recebido pelos fãs que puderam contar novamente com os serviços online da empresa. Entre os títulos oferecidos estão Little Big Planet, InFamous e Mod Nation Racers.
Aprendendo com os erros
A postura da Sony foi duramente criticada por diversos veículos da imprensa internacional. Em um primeiro momento, o desligamento da rede não poderia ter sido feito da forma repentina que foi. Seria preciso alertar os usuários sobre os problemas e avisar que o serviço estaria indisponível durante um período ainda não estabelecido. As constantes notas emitidas traziam sempre datas e esperanças que nunca se confirmavam, apenas colaborando para manchar a imagem da empresa.
Outro ponto crucial nas críticas foi a relutância de assumir que dados de usuários foram roubados pelos hackers. Somente após 6 dias da invasão que foi cogitada a possibilidade do vazamento dessas informações confidenciais. Enquanto isso centenas de jogadores tinham problemas com compras efetuadas indevidamente com seus cartões de crédito. Um aviso prematuro, mesmo em caso de alarme falso, ajudaria aos usuários tomarem precauções para evitar esse tipo de aborrecimento.
Por fim, o ataque ajudou a expor a vulnerabilidade de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Não apenas a Sony foi afetada, mas toda a indústria do entretenimento precisou rever seus protocolos e sistemas de segurança para evitar um novo problema como esse.
E você, caro leitor? O que estava fazendo quando a PSN saiu do ar? Quais foram os erros e acertos da Sony nesse episódio? Você chegou a pensar em trocar de console? Ou a maneira como a Sony lidou com o ataque ajudou a construir uma relação mais forte com seus clientes?
Tinha planejado upar meu level no Call of Duty: Black Ops no feriadão. No momento, pensei que fosse só uma manutenção, mas depois de três dias fiquei realmente frustrado.
ResponderExcluirEnfim, em momento nenhum pensei em trocar de console. Aproveitei e fiquei coletando troféus de GTA IV e PES 2011. Foi um marco e tanto na história da Sony, mas ao menos serviu de aprendizado para a empresa. Para nós jogadores, em parte foi até benéfica, pois pudemos optar por cinco jogos de graça na Playstation Store e aproveitar os trinta dias de Playstation Plus.
Parabéns pela matéria Thiago, muito bem detalhada e específica.
Nuss
ResponderExcluirque desleixada a sony hein
:P
NO FINAL ESTOU FELIZ SEMPRE
ResponderExcluirExcelente matéria, foi um verdadeiro caos nesses dias na internet. Espero que nunca mais se repita.
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