“Tim anda à procura da Princesa para a salvar. Ela foi raptada por um monstro horrível e malvado.” Essas palavras iniciais do jogo podem enganar em um primeiro momento, pois Braid não se trata de mais um game de “salvar a princesa”. Existe muito mais para se ver, e para pensar, durante a empreitada do protagonista. E, mesmo no final, as surpresas do enredo o tornam diferente dos que estamos acostumados a ver. E não apenas a história é diferente, como também os demais aspectos que envolvem essa bela produção: música, jogabilidade e cenário. Tudo feito para envolver o jogador em uma experiência fora do comum.
E se você pudesse reverter a morte?
Braid tem como estilos plataforma e puzzle. Mas vai além. Justamente na sua mecânica de jogo, em que o jogador por retroceder o tempo. Esse é, certamente, um dos pontos mais fortes a se ressaltar do game. Essa habilidade traz inúmeras possibilidades, inclusive a de morrer, aprender com o erro, voltar e fazer diferente.
Pode parecer que isso deixa tudo mais fácil. Mas não é bem assim. Pois a dificuldade não está em simplesmente evitar a morte ou em chegar a outra ponta da fase, mas sim em desvendar os puzzles para alcançar uma das peças do quebra-cabeça de cada um dos mundos, que é o objetivo para passar ao seguinte.
Há também, em determinados mundos, a possibilidade de distorcer o tempo próximo ao Tim, e também se valer de uma sombra que copia todos os seus movimentos. Seja como for, a dificuldade é grande, e a criatividade do jogo maior ainda.
Arte e filosofia
“Arte” é uma palavra que frequentemente é usada para descrever Braid. Não é por acaso, pois o jogo tem um visual deslumbrante, como de uma pintura dessas que deixam todo mundo admirado. A impressão é que o cenário se trata de um quadro em movimento constante.
“Filosofia” também vem à mente de quem adentra na história dos livros, e presta atenção às inúmeras metáforas que as imagens trazem. O próprio final é bastante intrigante. E o criador do jogo, Jonathan Blow, diz que o não há apenas um significado definido, que cada um pode interpretar como achar melhor. Claro, dessa forma o jogo não se limita, e ainda gera muitas discussões. Exatamente o que Blow planejou.
Super Braid Bros.
Com o intuito de homenagear outros jogos, várias referências foram colocadas durante toda a partida. Contudo, o jogo que recebeu a maior quantidade, sem dúvida alguma, foi Super Mario Bros. Em diversas partes aparecem figuras claramente ligadas à franquia do encanador bigodudo, como as piranhas plants, o aviso de que a “Princesa está em outro castelo”, e até a própria jogabilidade estilo plataforma, matando os inimigos ao saltar em cima deles.
Uma das referências que mais chamam a atenção, é a fase intitulada “Jumpman”, no quarto mundo. Para quem não sabe, Jumpman é como era conhecido o Mario – antes de receber seu nome atual e sotaque italiano – em sua primeira aparição no mundo dos games, no jogo de outro personagem muito famoso, Donkey Kong, para Atari, da Nintendo. A diferença é que o gorila de Braid atira inimigos, e não barris.
Mundos diferentes
São 6 mundos ao todo. Mas o jogo começa pelo mundo 2 e continua até o quinto mundo. Ao terminar os 5 mundos, o primeiro mundo é desbloqueado.
- Mundo 2 – Tempo e Perdão: nesse primeiro mundo, usa-se, basicamente, as habilidades de plataforma e de voltar o tempo.
- Mundo 3 – Tempo e Mistério: nova jogabilidade é introduzida. Além das habilidades do mundo anterior, existem objetos com um brilho verde que não são afetados pela habilidade de voltar o tempo.
- Mundo 4 – Tempo e Lugar: mais uma forma de interagir com o mundo. Quando o personagem avança, o tempo avança junto com ele; quando o Tim se move para trás, o tempo volta também.
- Mundo 5 – Tempo e Decisão: uma inusitada “sombra” do Tim é acrescentada. Ela reproduz todos os passos do personagem, depois que ele retorna o tempo.
- Mundo 6 – Hesitação: agora existe um “anel mágico”, que cria uma área ao redor do Tim, de forma que o tempo passa mais devagar para os objetos conforme eles se aproximam desse círculo.
- Mundo 1: não tem um título como os demais mundos. Aqui o tempo passa ao contrário, e o mecanismo que faz voltar o tempo, dessa vez faz o tempo correr de forma normal.
Independência ou morte
O desenvolvedor do jogo, Jonathan Blow, gastou cerca de 200 mil dólares para desenvolver Braid, ao longo de 3 anos de trabalho independente. Todo esse esforço para poder criar um jogo da forma que ele queria, sem uma distribuidora para ditar o que deveria ou não ser feito.
Outro fato que contribuiu para a sua decisão de bancar o jogo, estava no fato que na época em que Braid foi lançado, agosto de 2008, os jogos independentes não tinham a mesma facilidade de serem distribuídos como nos dias atuais. E pelo fato do jogo ser “estranho” – ao menos antes era bem diferente – uma distribuidora não iria se interessar ou, ao menos, não pagariam bem por algo tão incomum.
Música licenciada
Como forma de diminuir os custo do desenvolvimento do jogo, Jonathan Blow decidiu usar músicas de artistas licenciados na Magnatune, uma gravadora americana independente, no seu game.
Foram selecionadas músicas que fossem longas, para evitar a repetição, considerando que alguns puzzles podem demorar bastante a serem solucionados, e assim não incomodassem o jogador. Outra característica marcante, é que elas deveriam ter um som “diferente e interessante” quando tocadas ao inverso, já pensando na mecânica do jogo.
Foi lançada a trilha sonora de Braid em abril de 2009:
01. “Maenam” (Jami Sieber), 5:39
02. “Downstream” (Shira Kammen), 6:37
03. “Lullaby Set” (Shira Kammen & Swan), 6:18
04. “Romanesca” (Cheryl Ann Fulton), 2:31
05. “Long Past Gone" (Jami Sieber), 4:45
06. “The Darkening Ground” (Jami Sieber), 3:13
07. “Undercurrent” (Jami Sieber), 5:34
08. “Tell It by Heart” (Jami Sieber), 5:50
09. “Maenam” (Jon Schatz remix), 7:05
10. “Undercurrent” (Jon Schatz remix), 4:55
Prós
- Diferente do usual: não é o que a maioria dos jogos proporciona
- Visual muito bonito e artístico
- Jogabilidade inteligente, que exige raciocínio
- Músicas longas e bonitas, não chateiam com loopings constantes
Contras
- Replay fraco, pois depois de desvendar os puzzles, o desafio diminui muito.
Braid – PS3 – Nota final: 9.5
Gráficos: 9.5 | Som: 9.5 | Jogabilidade: 10.0 | Diversão: 9.0
Joguei pouco, mas com certeza entra pra lista dos futuros jogos, já que existe para PC também!
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ResponderExcluirVeditto leu essa news